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#Chapada: Equipe da região chapadeira finaliza roteiro de longa-metragem sobre a ex-cangaceira Dadá

Roteiro de longa-metragem sobre a ex-cangaceira Dadá é concluído com apoio da Lei Paulo Gustavo | FOTO: Montagem do JC |

O roteiro do longa-metragem Sussuarana – A Luta Depois do Último Tiro acaba de ser finalizado por uma equipe criativa da Chapada Diamantina, que se debruçou sobre a fascinante trajetória de Dadá, uma das mulheres mais emblemáticas da história do cangaço. O filme, um drama histórico de forte carga simbólica e social, narra o período da vida de Dadá após a morte de Corisco, o último cangaceiro, explorando a luta de uma mulher que precisou se reinventar em meio ao fim de uma era.

O projeto nasceu a partir da pesquisa da historiadora Maria Luiza Fontenelle e é assinado por Gabriel Silva Lake, Gustavo Barbosa e a própria Maria Luiza como roteiristas. A equipe conta ainda com Rodrigo Rodowicz na função de produtor executivo. Também contribuíram para a obra o premiado cineasta Orlando Senna, como consultor de roteiro, e Daniel Dourado, na função de script doctoring.

“Dadá é símbolo de uma luta campesina, do proletariado. Não à toa, figuras importantes da história estiveram presentes na vida dela, tais como Fidel Castro, Glauber Rocha, Jorge Amado, Cosme de Farias entre outros. Existem várias entrevistas gravadas e escritas em que ela conta suas lembranças do cangaço. É incrível ver como ela se reinventa para esta nova vida em Salvador ‘depois do último tiro’, como destaca o título deste roteiro. Então, o que nós fizemos foi recriar algumas dessas cenas e registrar simbolicamente, e não só com palavras, essa importante trajetória de Dadá em Salvador”, comentou Gabriel Lake.

Figura de Resistência
A Sussuarana que dá título ao filme faz referência ao apelido de infância de Dadá, que significa onça das caatingas – animal símbolo de resistência e força. Relatos históricos a indicam como uma atiradora de excepcional habilidade, superando em precisão muitos de seus contemporâneos no cangaço, especialmente Corisco.

Há uma imensidão de material sobre Dadá, segundo Lake, já que ela concedeu diversas entrevistas e depoimentos sobre aquela época. “Tentamos nos aproximar o máximo possível de como ela era. Mostrar como Dadá resistiu para existir e, pela nossa pesquisa, isso nunca foi tratado dessa forma”, destaca o roteirista, que afirma que o roteiro foi criado pensando em pouco mais de duas horas de filme, mas que a pesquisa gerou material suficiente para muito mais.

Com recorte feminino, racial e social, Sussuarana se propõe a retratar uma figura histórica silenciada, expondo as marcas deixadas pela repressão militar, pelo preconceito e pela violência de gênero. “O cangaço é frequentemente romantizado ou criminalizado, mas há personagens como Dadá que representam algo muito mais complexo: a sobrevivência, a maternidade, o amor e a luta pela dignidade. Contar essa história é também disputar a memória”, afirma Gabriel Silva Lake.

Um dos trechos do filme que melhor representa isso é o das cenas em que Dadá aparece como presidiária no Forte de Santo Antônio, em Salvador. Ali, ela enfrenta um novo campo de batalha: o preconceito, as intrigas entre detentos e a manipulação que explora os corpos dos cangaceiros mortos. “Ferida, mas nunca submissa, encontra forças para tornar-se símbolo de luta por dignidade”, cita o roteiro.

Com a finalização, a equipe se prepara agora para a próxima etapa: a busca de parcerias para a produção audiovisual do filme, que recebeu apoio financeiro da LPG – Lei Paulo Gustavo-BA, por meio do Edital nº PG 01/2023 – Produção Audiovisual. A expectativa é que o longa reforce o debate sobre direitos humanos, justiça histórica e a reparação simbólica de figuras esquecidas pela historiografia oficial.

Serviço:
Título: Sussuarana – A Luta Depois do Último Tiro
Gênero: Drama histórico
Confira o teaser: https://www.youtube.com/watch?v=xLlWU5h8ACc
Instagram para contatos: @sussuaranafilme

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