Uma cooperação técnica internacional entre a Bahia e a França pode transformar a experiência do parto normal na rede pública estadual a partir de março de 2026. O projeto, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), prevê a ampliação da oferta de anestesia peridural em maternidades baianas, com foco na redução das taxas de cesarianas e na melhoria dos indicadores de saúde materno-infantil.
A iniciativa, que já está em funcionamento em estados como Rio de Janeiro e Ceará, foi apresentada oficialmente nesta sexta-feira (19) durante visita técnica à Maternidade Maria da Conceição de Jesus, em Salvador. Segundo o subsecretário de Saúde da Bahia, Paulo Barbosa, a expectativa é consolidar a cooperação internacional já no primeiro trimestre de 2026.
“O que a gente pretende é que, com a oferta e a ampliação da analgesia no parto normal, consigamos reduzir a taxa de cesarianas e, consequentemente, a mortalidade materna e neonatal. Temos desafios, como a disponibilidade de anestesistas, mas avançamos bastante e este é um passo muito significativo”, afirmou Barbosa.
O subsecretário explicou que o diálogo entre Bahia e França está sendo estruturado por meio de um instrumento legal de cooperação técnica, que permitirá a troca de experiências entre serviços de saúde dos dois países. A proposta também envolve investimentos na ampliação da formação de especialistas, especialmente anestesiologistas, por meio do fortalecimento de programas de residência médica.
A pesquisadora da Fiocruz e coordenadora do projeto, Maria do Carmo Leal, detalhou que a implantação da analgesia peridural seguirá protocolos específicos. Inicialmente, as maternidades receberão maior volume de insumos para a realização do procedimento, além de mobilização das equipes multiprofissionais, incluindo anestesistas, obstetras e enfermeiras obstétricas.
“O sucesso do projeto depende do engajamento das equipes hospitalares. Também faremos a coleta sistemática de dados de todas as mulheres atendidas, com e sem analgesia, para avaliar os resultados e comparar os desfechos”, explicou a pesquisadora.
Além da capital, a iniciativa deverá alcançar unidades de saúde do interior do estado, ampliando o acesso ao parto humanizado em diferentes regiões da Bahia. A proposta respeita o direito de escolha da gestante, que poderá optar ou não pelo uso da analgesia durante o parto normal.
Para os gestores, a cooperação internacional representa um avanço estrutural no cuidado obstétrico do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado, alinhando a Bahia a experiências internacionais bem-sucedidas e fortalecendo políticas públicas voltadas à saúde da mulher.
Jornal da Chapada

















































