O recuo de 43% para 36%, entre novembro de 2013 e março de 2014, no percentual da população que avalia como ótimo ou bom o governo Dilma Rousseff interrompe a trajetória de recuperação da popularidade do governo iniciada em setembro, após o impacto das manifestações de junho. A queda foi detectada por pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta quinta-feira (27) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em junho, antes dos protestos, esse indicador estava em 55%. Em julho, uma pesquisa especial da CNI que mediu o impacto das manifestações na aprovação do governo registrou queda para 31%. A partir daí houve recuperação em setembro (37%) e novembro (43%).
A aprovação da maneira de governar caiu de 56% para 51% no mesmo período, após ter subido de 45% para 56% entre julho e setembro. Na medição de junho, feita antes das manifestações, a aprovação da maneira da presidenta governar estava em 71%. “Os resultados de março mostram que houve queda em todos os indicadores”, disse o gerente de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. “Um dos fatores importantes [para que isso tenha ocorrido] é o crescimento da inflação, principalmente na área de alimentos, o aumento de juros e o próprio receio de crescimento do desemprego, que, apesar de estar muito baixo, gera temor na população, já que o desaquecimento da economia pode aumentar o desemprego”, acrescentou.
Apesar de a inflação de alimento ser uma questão sazonal, ela acaba “contaminando outros preços na economia”, o que também influencia na queda dos indicadores, disse Fonseca. “Infelizmente, para o governo, o combate à inflação está sendo feito com aumento de juros, que também é uma das reclamações feitas pela população”. Em nenhuma das nove áreas de atuação avaliadas pela CNI, o percentual de aprovação foi superior a 50%. A área mais bem avaliada foi a de combate à fome, com 48% de aprovação em março, ante 53% registrados em novembro passado.
Na área de combate a desemprego, a aprovação da atuação governamental ficou em 47%, mesmo índice de aprovação das atuações na área de meio ambiente. Apenas 39% aprovam a atuação do governo na área de educação; e 31% aprovam o que tem sido feito para combater a inflação. A taxa de juros é aprovada por 28% da população, enquanto 27% aprovam as atuações na área de segurança pública; 26% na de saúde; e 24% na de impostos.
Apesar dos números desfavoráveis à aprovação do governo, Fonseca avalia ser “possível” uma reversão do cenário. “Entramos em ano eleitoral, e a presidenta Dilma vai começar a mostrar o lado positivo de seu governo e as coisas boas que ela fez. Obviamente, os outros candidatos vão tentar mostrar o contrário, trazendo maior debate sobre o desempenho do governo”. A pesquisa comparou as avaliações entre os governos Dilma e Lula. Para 46% da população, o governo Dilma é igual ao governo Lula. Mas para 42% ele é pior, enquanto 11% o consideram melhor. Da Agência Brasil.