Desde o último domingo (4), três militantes do MST foram assassinados. A informação é do deputado federal e líder do MST na Bahia, Valmir Assunção (PT), que associou as mortes dos sem terras ao descontentamento de setores conservadores do país com as jornadas de lutas do movimento. “A grande mídia inviabiliza a luta que está acontecendo em diversas cidades brasileiras, realizada pelos trabalhadores sem terra. Mas o poder público, a Secretaria de Direitos Humanos, o Incra e o Ministério do Desenvolvimento Agrário não podem fechar os olhos para o ataque do latifúndio em resposta a série de protestos que estão ocorrendo”.
De acordo com o parlamentar, o primeiro assassinato aconteceu no Paraná, no assentamento Sétimo Garibaldi por volta das 19h30 do último domingo (4), município de Terra Rica. “O militante do MST Valdair Roque, conhecido por Sopa, foi alvo de uma emboscada na porta de sua casa, quando o agricultor assentado estava acompanhado de seu filho de sete anos”, afirma Valmir. Na terça (6), no Rio Grande do Norte, após uma mobilização com 500 trabalhadores acampados da região de Apodi, em luta por conta da jornada de lutas do MST, dois sem terras foram executados. “Dois homens em uma moto preta sem placa abordaram os dois militantes e atiraram. Ainda não se tem notícias dos assassinos”.
As vítimas são Francisco Laci Gurgel Fernandes, conhecido por Chacal, e Francisco Alcivan Nunes de Paiva. Segundo Assunção, ambos eram acampados há oito meses no acampamento Edivan Pinto e, durante esse período, ajudaram na organização das famílias na área. “Os crimes aconteceram em área de acampamento na qual também está sendo construído o perímetro irrigado do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas [DNOCS], área onde os sem terra sofrem ameaças constantes de jagunços armados e seguranças da empresa que faz a obra”.
O parlamentar petista afirma ainda que “esses assassinatos são a resposta do agronegócio ao camponês que não se submete a este modelo de desenvolvimento que degrada a dignidade humana. O Poder Executivo deve se atentar a esta realidade. A não democratização da terra, somado à impunidade resulta em mortes. Não se pode fechar os olhos, vendendo uma reforma agrária que não está acontecendo. A prova está aí. Em menos de uma semana, três assassinatos! Na Bahia, meu estado, o assassinato companheiro Fábio dos Santos, em Iguaí, até hoje não teve a devida punição. O Poder Judiciário também deve ser alertado. Juízes são tão rápidos em expedir reintegrações e tão morosos para julgar os casos de assassinatos contra trabalhadores”, conclui Valmir.