O ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, admitiu nesta quarta (25), em depoimento à comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga denúncias de irregularidades na estatal, que a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, está “cara”. “É uma refinaria que está cara, sem dúvida nenhuma está cara”, disse. Gabrielli depôs durante cerca de seis horas na comissão, onde foi questionado sobre investimentos da Petrobras durante sua gestão, especialmente nas refinarias de Abreu e Lima e Pasadena, nos Estados Unidos, e duramente criticado por elas.
Gabrielli disse que os custos acima do esperado em Abreu e Lima estão relacionados à opção de construir a refinaria no Nordeste, onde os chamados investimentos extramuros são mais altos. “Tem custo maior porque lá o porto precisa de investimento, na estrada é preciso investir, no sistema elétrico é preciso investir, o tratamento de resíduo precisa de investimento, o que não está nas outras refinarias”, disse, corroborando a justificativa que já tinha sido dada pela atual presidenta da estatal, Graça Foster, sobre o preço da refinaria.
Ele voltou a defender a importância do projeto para as regiões Nordeste e Centro-Oeste, mas admitiu que, atualmente, pensaria duas vezes sobre a decisão de construí-la. “Eu não posso dizer que os valores que estão saindo neste momento são os que estão na faixa mais econômica de uma refinaria. Então, eu pensaria duas vezes neste momento. Uma vez tomada a decisão de fazer a refinaria, nós temos que fazer pelo menor custo possível, mas tomada a decisão, nós temos que fazer”, disse.
Sobre Pasadena, Gabrielli demonstrou irritação quando ouviu acusações de que a compra da refinaria envolveu beneficiamento intencional de algumas pessoas em detrimento da Petrobras. “Não aceito, de jeito nenhum, a acusação, que eu acho infundada e incoerente, de que Pasadena foi uma negociata. Se foi uma negociata, é um absurdo, porque é tão complexo o processo, com tantas decisões judiciais e tantas decisões – cinco anos sem nenhum pagamento –, que é uma negociata absolutamente fantástica”, disse.
Ainda sobre o caso, o ex-presidente da Petrobras disse ainda que não está disposto a abrir seu sigilo bancário porque não é acusado de nenhuma ilegalidade. “Eu não acredito que tenha nenhuma acusação de falcatrua de minha parte. Por que eu vou abrir mão do meu sigilo bancário?”, questionou. Gabrielli foi o segundo depoente da CPMI, que já tinha ouvido Graça Foster. A próxima reunião foi marcada para as 14h da próxima quarta-feira (2), quando devem ser votados novos requerimentos. Da Agência Brasil.