Ícone do site Jornal da Chapada

Chapada: Oficina promove a criação da rede de sementes e mudas do Paraguaçu

trabalhadores
Projeto Semeando Águas no Paraguaçu promove intercâmbio entre representantes da cadeia de restauração florestal na Chapada Diamantina | FOTO: Reprodução |

Entre os dias 2 e 4 de setembro, cerca de 40 agricultores, quilombolas, indígenas, representantes de prefeituras, de associações, ONGs, do ministério público e de instituições governamentais da Bahia participaram da primeira Oficina de Troca de Experiências entre Viveiristas e Reflorestadores do Alto Paraguaçu, realizada nas instalações do Centro de Treinamento da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A (CETRAF – EBDA), no município de Utinga, na Chapada Diamantina. O evento reuniu os atores envolvidos na cadeia de restauração florestal para compartilharem experiências e construírem ações coletivas para o desenvolvimento da atividade na região do Alto Paraguaçu.

A iniciativa faz parte de uma série de atividades promovidas pelo projeto Semeando Águas no Paraguaçu, que é realizado pela Conservação Internacional, em parceria com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e a Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema), e conta com o patrocínio da Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental. Segundo Dary Rigueira‏, especialista em restauração do projeto, “esse encontro proporcionou uma importante vivência que integrou diferentes iniciativas de coletores de sementes, viveiristas e restauradores do Alto Paraguaçu”. Para Dary, o ponto forte da oficina foi a possibilidade dos participantes trocarem informações, técnicas e aprendizado entre as diferentes iniciativas que aconteciam de maneira isolada, porém com um objetivo único de revitalizar o rio Paraguaçu e os seus afluentes.

Na abertura do evento, os anfitriões locais deram as boas-vindas aos convidados destacando a importância dessa oficina para a região e para o município. Estiveram presentes Marcelo Matos, diretor de pecuária da EBDA, Tonho Muniz e Manuelito Ribeiro de Novais, representando a Prefeitura de Utinga. O Cacique Payayá Juvenal e Otto Payayá, do Movimento Associativo Indígena Payayá, junto com seus parentes, receberam todos os participantes com o Toré, cerimônia com cânticos de sua cultura.

Abertura da oficina de Intercâmbio entre viveiristas e reflorestadores do Alto Paraguaçu | FOTO: Luciana Santa Rita/Sema |

Resultados
A oficina proporcionou muitos momentos de diálogos entre o público envolvido, essa interação revelou dados desconhecidos da grande maioria como, por exemplo, que os municípios de Barra da Estiva, Ibicoara e Mucugê reúnem um potencial de produção de 150.000 mudas de espécies nativas‏. De acordo com Josemar Pereira, conhecido como Pia Natureza, representante de Souto Soares (BA), “essa foi a primeira oficina onde os principais atores foram as pessoas quem fazem na prática. Aqui as metodologias foram dinâmicas e democráticas, todo mundo participou ativamente e ficou até o final”.‏

Durante toda a programação os integrantes da oficina se envolveram nas atividades e puderam visitar o Viveiro de Mudas Payayá, também participaram da mostra cultural promovida no centro de Utinga, com uma exposição de artesanato local e indígena e de trabalhos com as escolas do município. No último dia do evento, os presentes fizeram um ato simbólico com o plantio de duas mudas de espécies nativas da região: aroeira-verdadeira, ameaçada de extinção, e a castanha-de-veado, doadas pelo professor Clemente Alves, do viveiro Berçário Vegetal Santa Fé da EBDA de Morro do Chapéu. Muitos viveiristas aproveitaram a ocasião levando sementes nativas e exercitaram a trocas de sementes.

Ao final dos três dias, o resultado mais expressivo dessa integração foi o estabelecimento da Rede de Sementes e Mudas do Paraguaçu, criada participativamente durante a oficina. A Rede tem como desafio dinamizar o processo de restauração na região e manter a conexão entre as pessoas que trabalham na cadeia de restauração florestal, tendo como prioridades de ação as seguintes diretrizes: a) Divulgar e compartilhar técnicas de produção de mudas e coleta de sementes; b) Conhecer, identificar, mapear e divulgar o mercado para mudas e sementes nativas; c) Apoiar as ações que implementem viveiros de mudas nas escolas.

Plenária com viveiristas e reflorestadores do Alto Paraguaçu | FOTO: Dari Rigueira/CI/Brasil |

Semeando Águas no Paraguaçu
O projeto Semeando Águas no Paraguaçu tem como objetivo mobilizar os agentes locais em prol da recuperação ambiental da bacia do rio Paraguaçu e implantar ações demonstrativas de adequação ambiental das propriedades rurais e de restauração da vegetação nativa. A bacia do Paraguaçu é uma das mais importantes do estado da Bahia, sendo fundamental para o abastecimento de água da região metropolitana. A saúde dessa bacia hidrográfica é fundamental para o abastecimento de água para cerca de 3 milhões de pessoas.

Com duração de dois anos (2014 e 2015), o projeto Semeando Águas no Paraguaçu tem o objetivo de elaborar um plano estratégico para manutenção e recuperação da capacidade hídrica da bacia, incluindo a identificação das áreas mais importantes para a produção de água. Com o patrocínio da Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, a inciativa está sendo implementada pela Conservação Internacional, juntamente com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e a Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema).

Sair da versão mobile
Pular para a barra de ferramentas