Será realizado, no dia 24 de setembro, o 1º Simpósio de Doenças Raras e/ou Subdiagnosticadas. O evento acontece às 19h, no Auditório Jorge Figueira, do Hospital Santa Izabel e integra o programa de educação continuada do Serviço de Pneumologia da instituição, com o apoio da Santa Casa de Misericórdia da Bahia. As inscrições para o simpósio, que é voltado para médicos e estudantes de medicina, são gratuitas e podem ser feitas pelo telefone (71) 2203-8367, de segunda a sexta, das 7h às 14h, ou pelo e-mail [email protected].
De acordo com o coordenador do evento, o pneumologista Guilhardo Fontes Ribeiro, há doenças que são menos frequentes na população e consideradas raras, mas há muitas outras que, na realidade, são subdiagnosticadas. “Esse evento tem o objetivo de destacar que o diagnóstico de qualquer enfermidade só pode ser feito quando lembramos que as patologias, mesmo consideradas raras, existem e são responsáveis por muitos casos de mortalidade. É possível que uma observação mais ampla e criteriosa dos pacientes torne essas doenças não tão raras como imaginamos”, diz.
O médico cita como exemplo a hipertensão pulmonar que, embora não seja rara, ainda é desconhecida por boa parte das pessoas. “Os sintomas dos portadores de hipertensão pulmonar são inespecíficos, o que dificulta o diagnóstico precoce. É uma doença habitualmente subestimada pelos pacientes e pelos médicos”, explica Fontes.
A falta de ar durante atividades que exigem esforço é o sintoma mais precoce e frequente, tendo caráter progressivo. Outros sintomas que podem estar presente, de acordo com o nível de gravidade da enfermidade, são fadiga, síncope, dor precordial (dor torácica) e palpitações. Segundo Guilhardo Fontes, para fazer o diagnóstico da hipertensão pulmonar é preciso estar atento a patologias que são fatores de risco para a enfermidade, a exemplo das doenças cardíacas, pulmonares, HIV, esquistossomose, doenças da tireoide, reumatológicas, ao uso de alguns moderadores do apetite, entre outras.
“É provável que em muitos lugares sem recursos diagnósticos, os pacientes sejam avaliados equivocadamente. Assim, há pacientes com insuficiência cardíaca que, na verdade, têm como origem a hipertensão pulmonar não diagnosticada. Assim como muitos pacientes tratados como portadores de insuficiência cardíaca, não têm doenças cardíacas e, sim, doenças respiratórias, como a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)”, esclarece.
Uma outra doença destacada pelo médico é a Pneumonia Necrotizante Adquirida na Comunidade. A patologia acomete 3% da população mundial jovem após gripe e tem evolução fulminante se não for tratada precocemente, com alto índice de mortalidade, que varia de 35% a 70%, mesmo com uso de antibióticos considerados adequados. “Como acomete jovens saudáveis, com enorme perspectiva de vida e os relatos são cada vez mais frequentes, a pneumonia necrotizante tem sido considerada um grave problema de saúde pública”, afirma o especialista. É possível que muitos casos não seja diagnosticados devido a evolução rápida e desconhecimento da enfermidade.
Outra doença importante e pouco diagnosticada é a Bronquite Eosinofílica. Alguns trabalhos atestam que de 10 a 30% da tosse crônica ocorrem por conta desta patologia. Um dos testes diagnósticos é a pesquisa de eosinófilos no escarro, que não se faz na rotina médica. Se der acima de 3%, com função pulmonar normal, excluí-se a asma como causa da tosse e o diagnóstico da Bronquite Eosinofílica é confirmado. Eosinófilos são células sanguíneas responsáveis pela defesa ou imunidade do organismo. “Realmente é uma doença de difícil diagnóstico, que compromete muito a qualidade de vida do paciente. No entanto, ela pode ser controlada com medicações e condutas específicas, por isso, estar bem informado é tão importante”, diz o médico Guilhardo Fontes.