Após três horas, terminou o depoimento do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, nesta sexta-feira (21). Ao sair da PF no fim desta tarde, o advogado Mário de Oliveira Filho, que representa Fernando Baiano, disse que seu cliente respondeu a todas as perguntas, colaborando “no que podia” com as investigações. Ele negou qualquer relação com o PMDB.
Fernando Baiano é apontado pelo doleiro Alberto Youssef como operador do PMDB no esquema de corrupção que envolve a Petrobras. Na avaliação de Mário de Oliveira Filho, o lobista está sendo usado como “bode expiatório” no processo da Lava Jato. Em delação, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa acusou o PT, PMDB e PP de receber dinheiro oriundo de propina – os partidos negam.
O advogado não passou mais informações sobre o depoimento, que começou às 14h30 e encerrou por volta das 17h30 desta sexta. Fernando Baiano está preso na carceragem da Polícia Federal, na capital paranaense, desde terça-feira (18), quando se entregou à polícia. Baiano era considerado foragido desde 14 de novembro, dia em que a sétima fase da Operação Lava Jato, da PF, foi deflagrada.
Na quarta-feira (19), logo após saber que o depoimento do cliente havia sido transferido para esta sexta-feira, o advogado negou que Baiano tenha a intenção de oferecer uma delação premiada à Justiça. Ele, inclusive, garantiu que quer uma acareação entre o lobista e o doleiro Alberto Youssef. “Uma coisa é ele conhecer um ou outro [do PMDB], que até deve conhecer, mas ter negócios, ser operador, isso aí é o Youssef falando o que quer. Tem que provar. […] Ele conheceu o Youssef, todo mundo conhece, mas não tem negócios. A acareação só depende do delegado”, completou.
Lava Jato
A Operação Lava Jato investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. A nova fase da operação policial teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões.
Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, 24 pessoas foram presas pela PF durante esta etapa da operação. Porém, ao expirar o prazo da prisão temporária (de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco), na última terça (18), 11 suspeitos foram liberados. Outras 13 pessoas, entre as quais o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, continuam na cadeia. Extraído do G1.