As dificuldades com o clima e a região semiárida do Nordeste nunca foram problema para Evangelista Silva de Souza, 48 anos. O agricultor familiar mora em Iraquara, um dos 25 municípios que compõem a Chapada Diamantina, região serrana do estado, e planta mandioca. A raiz ocupa mais de três dos 4,2 hectares de sua propriedade e é o que garante o sustento da família – ele, a esposa, dois filhos, a nora e a neta. Evangelista conta que dificuldades sempre existiram, mas que o segredo para o sucesso está na adaptação. “A gente se adapta conforme o lugar nos dá condição de viver. Então, já nos habituamos ao clima e ao solo”, revela. Mas nem isso atrapalhou a produção na comunidade rural Boca da Mata, onde mora há 24 anos. “O solo é bom, dá pra plantar sossegado. Agora está chovendo por aqui, mas ficamos bastante tempo sem chuva. Mas nem isso atrapalhou, continuamos produzindo do mesmo jeito. Pouquinho, mas produzimos”, diz.
A família toda ajuda no processo de beneficiamento da mandioca. Eles têm matéria-prima durante o ano todo, mesmo nos períodos de entressafra, que vai de dezembro a maio. “Se ficamos sem mandioca, compramos dos nossos vizinhos, mas continuamos produzindo”, afirma. Com o beneficiamento da raiz, eles fazem tapioca e depois comercializam produtos como biscoitos e beijus em feiras e mercados locais.
Políticas públicas
Evangelista tem uma meta para 2015: conseguir fazer dez mil pacotes de beiju por mês. Para isso, ele aguarda aprovação para acessar, mais uma vez, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Ele comenta que o crédito é um forte aliado para que os negócios corram bem. “O Pronaf traz muitos benefícios pra gente. Quando temos crédito, conseguimos movimentar os negócios”, observa. A renda mensal da família chega a R$ 2,5 mil, mas Evangelista espera aumentá-la. “Meu ganho anual é de R$ 30 mil, mas pretendo chegar a R$ 50 mil.”
Como ele já acessou o Programa outras vezes, comemora todas as conquistas que teve por meio do crédito. “Todo ano a gente consegue comprar uma coisinha para a família. A gente planta com nossos recursos, com nossos braços, e quando vem o acesso ao Pronaf a gente consegue comprar as nossas coisas.” Evangelista também ajuda a esposa e um grupo de 25 mulheres da comunidade que estão começando agora no beneficiamento da mandioca. As agricultoras, que ainda não deram um nome ao grupo, pretendem acessar, em breve, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), ambos do Governo Federal.
Ele e a família não fazem planos de sair do campo e são agradecidos por tudo o que conseguiram no meio rural. “Tudo o que eu tenho conquistado é um prêmio. Se eu tenho uma casa que não faz vergonha em quem vem nos visitar, é um prêmio. Se eu tenho uma beneficiadora de beiju que não faz vergonha quando entra alguém aqui, é um prêmio também. Para mim, tudo é uma conquista”, comemora. Matéria de Jalila Arabi da Ascom do MDA.