A boa relação do prefeito ACM Neto (DEM) com o governador Rui Costa (PT) já começa a mostrar sinais. Passadas as eleições e as costuras de alianças, agora prefeito e governador caminham para o entendimento em relação a diversos projetos, e isso tem sido mostrado pela dupla, inclusive, com acordo em relação às ações judiciais que um move contra o outro. Na quarta-feira (8), Neto desistiu do processo criminal que movia contra Rui por injúria, calúnia e difamação. As penas somadas para estes crimes podiam chegar até três anos e meio. Publicado no site do Superior Tribunal de Justiça, o acordo entre ambos os políticos é um primeiro passo que só traz benefícios, na verdade, para a capital baiana e sua população. É uma clara demonstração que foi dada a largada por acordos em prol do metrô de Salvador e demais projetos de mobilidade. “Os nossos advogados estão conversando para avaliar a possibilidade de colocar um fim às demandas que foram apresentadas de lado a lado”, avalia ACM.
No dia 25 de março, a ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou que Rui apresentasse, no prazo de 15 dias, resposta à imputação, por conta da ação criminal que Neto moveu contra ele. Nesta ação, o alcaide acusa o petista de calúnia, injúria e difamação. Entendidos, a expectativa é que sejam excluídas todas as ações movidas durante a campanha do ano passado, quando Neto saiu a favor da chapa de Paulo Souto (DEM) para o governo da Bahia. Para Rui, os “xiitas e provocadores perderão a função neste novo contexto em que Rui e Neto passam a se entender. É melhor que comecem a trabalhar pelo bem”, declarou.
Na mesma linha de acusações no período eleitoral, Rui acusou o prefeito de ter financiado a Rede Bahia com recursos da Prefeitura de Salvador. Para petistas e demistas mais brandos, o entendimento entre os dois políticos demonstra um novo momento da democracia, em que a disputa fica restrita aos partidos sem prejudicar a população. Para o presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação, a postura de Rui Costa representa o espírito que o ex-governador Jaques Wagner, hoje ministro da Defesa, já havia demonstrado nos últimos oito anos em que esteve à frente do Palácio de Ondina. “A disputa não é com a população, é com o partido, e ela acontece no período correto”, afirmou ao jornal Tribuna da Bahia.
Segundo ele, Rui deve ajudar Neto com as principais queixas apresentadas por ele, a exemplo das dificuldades para encontrar terrenos para construção de creches conforme as exigências do governo federal. O governador teria sinalizado, inclusive, que colocará à disposição terrenos do governo para a construção das creches. “Temos muita clareza dessa nova democracia no PT. O governador vai colaborar. Como aconteceu ao longo do governo de Wagner. Isso não significa que não haja diferenças no olhar do DEM e do PT. Só pode ter grandeza quem tem condição de ajudar”, acrescentou à Tribuna, na semana passada.
Não só o petista vê com satisfação o fim do processo na Justiça que Neto movia contra Rui. O presidente estadual do DEM e deputado federal, José Carlos Aleluia, já havia afirmado à Tribuna que vê como “tratado de paz” o acordo entre governador e prefeito. “Ambos foram legalmente eleitos e exercem uma responsabilidade muito grande na área de governar a cidade e o estado. É assim que a população espera. Que eles procurem se entender para buscar resultados”, frisou. Um dos ferrenhos opositores ao governo petista, Aleluia diz que só mesmo sendo muito radical para ficar desconfortável com o entendimento. “Evidentemente quem ficar desconfortável… não há o que se discutir. Político tem que zelar pelo interesse público”. Do site do jornal Tribuna da Bahia.