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Ex-deputado Luiz Argôlo usou o pai e a mãe como laranjas; político teve apoio em Itaberaba

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O deputado Luiz Argôlo vendeu o mandato para o doleiro Alberto Yousseff | FOTO: Antônio Augusto/Câmara dos Deputados |

De acordo com informações publicadas pela Folha de S. Paulo, o ex-deputado federal baiano (ex-PP, atual Solidariedade-BA) usou a própria mãe como laranja e o pai para receber dinheiro do operador da propina na Petrobras. Helicóptero, maquinário pesado, dinheiro vivo, óculos, cadeiras de rodas e até boletos do IPTU de um dos imóveis do então deputado Argôlo foram pagos pelo doleiro Alberto Youssef, afirma o Ministério Público Federal (MPF).

O baiano foi preso na manhã desta sexta-feira (10) em nova fase da Operação Lava Jato, junto com a secretária Élia Santos da Hora. Argôlo tem base política na Chapada Diamantina, no município de Itaberaba, onde recebeu apoio de uma ala do grupo do prefeito João Almeida Mascarenhas Filho (PP). Essa parte do grupo político é comandada pela vice-prefeita Maria José (PRP) e pela primeira dama Maíra Mascarenhas. Nas eleições de 2014, ambas deram ao ex-deputado 5.595 mil votos, cerca de 22% do total computado no município.

Considerado por Youssef como um “deputado promissor de quem um dia poderia cobrar a conta”, o jovem baiano (34 anos) passou a ser um interlocutor frequente do doleiro e foi flagrado em “papo romântico com doleiro”. O montante dos valores repassados ao então congressista em dinheiro vivo ainda é desconhecido – variava entre R$ 20 mil e 200 mil mensais, conforme a proximidade do período eleitoral e vinha das propinas de empreiteiras por obras na Petrobras, segundo a delação de Alberto Youssef.

Ainda de acordo com a Folha de S. Paulo, Argôlo chegou a usar o cargo de deputado para tentar conseguir um financiamento para que Youssef reformasse um hotel de sua propriedade, em Porto Seguro, no sul da Bahia. A conclusão dos procuradores é que o ex-deputado “efetivamente vendeu seu mandato parlamentar” ao doleiro. Algumas vezes, o suborno era entregue no apartamento 603, do bloco H, na 302 Norte, o apartamento funcional de Argôlo, na capital federal.

Fora os pagamentos em cash, a Procuradoria rastreou pelo menos R$ 2,68 milhões referentes a supostas propinas embolsadas por Argôlo entre 2011, início do seu mandato de deputado federal, e março de 2014, quando foi deflagrada a Lava Jato. O dinheiro fluía através de camadas de empresas de fachadas, operadas por laranjas ou mesmo com o pagamento de dívidas do congressista diretamente pelos empregados de Youssef.

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