A estruturação e interiorização do Sistema Estadual de Transplantes fazem parte do conjunto de ações desenvolvidas pelo Governo da Bahia, por meio da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), para ampliar a captação e o transplante de órgãos e tecidos em todo o estado. O principal objetivo é aperfeiçoar o procedimento desde o diagnóstico, reduzindo a recusa familiar e aumentando o número de vidas salvas graças à doação.
Além de Salvador, dispõem de unidades de transplantes de órgãos as cidades de Itabuna (renal e córnea), Feira de Santana (renal), Vitória da Conquista (renal e córnea) e Teixeira de Freitas (córnea). Na capital, o Hospital Ana Nery está credenciado pelo Ministério da Saúde para transplantar coração e pulmão. Integrada ao sistema nacional, a logística de captação dispõe de veículos e aeronaves do Governo do Estado para garantir o transporte de órgãos no tempo e condições adequados até o local do procedimento.
Na área de capacitação profissional, a Sesab implantou o curso de especialização em Doação e Transplante de Órgãos do Norte/Nordeste – capacitando profissionais dos estados da Bahia, Sergipe e Alagoas – e qualifica agentes comunitários de saúde e profissionais da Estratégia de Saúde da Família. O trabalho inclui o acompanhamento para estudantes de saúde e comissões intra-hospitalares de doações de órgãos. Os Grupos de Apoio à Doação (GADs) e o credenciamento das Organizações de Procura de Córneas (OPCs) também resultam em impacto positivo na doação e transplante de órgãos.
Fila de espera
O número atual de pessoas na Bahia à espera de transplante de órgãos e tecidos é de 2.263. No entanto, apenas 67 doações foram registradas em abril. A redução dessa defasagem depende da conscientização da sociedade em torno do ato de doar e ajudar a salvar vidas. Na lista de espera do Sistema Estadual de Transplantes, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), 1.187 pacientes aguardam transplante de córnea, 941 de rim, 102 de fígado e 33 de medula óssea.
A Bahia é o estado que mais disponibiliza órgãos para outras unidades da federação, porém é o nono em número de doadores proporcionais à população. Enquanto a média nacional é de 14 doadores a cada um milhão de pessoas, são apenas oito doadores por milhão de habitantes no estado.
Segundo o coordenador do Sistema Estadual de Transplantes, o médico Eraldo Moura, o necessário para atender à demanda é em torno de 20 doadores por milhão de habitantes, o que corresponde à meta do País até 2020. “Temos crescido anualmente acima da média nacional – entre 10 e 12% -, aumentando o número de doadores e de transplantes, porém ainda há esse déficit em relação aos pacientes que entram na fila”.
Em 2014, a Bahia registrou 563 transplantes – 332 de córnea, 52 de fígado, 63 de rim, 48 de medula óssea, 46 de esclera e 22 ósseos. Dois transplantes de pele, com material disponibilizado pelos Banco de Pele do Paraná e de Porto Alegre, e 19 transplantes de rim com doador vivo também foram realizados.
Como doar
Segundo a legislação brasileira, a doação de órgãos após a morte deve ocorrer mediante autorização por escrito assinada por familiares de 1º e 2º graus ou pelo cônjuge do doador. Por isso é fundamental comunicar o desejo da doação à família. Quando não há declaração prévia, a qualidade do atendimento e o esclarecimento do processo de doação e transplante são fatores fundamentais para a decisão da família. “Quando a sociedade percebe que o transplante ajuda outras pessoas isso faz com que se comece a pensar que a doação é uma ação de cidadania”, ressalta Eraldo Moura.
Os órgãos doados chegam ao paciente por meio da chamada ‘fila única’. Cada vez que surge um doador, uma central é informada e processa a seleção dos possíveis receptores para os vários órgãos. São levados em conta critérios como tempo de espera, o grupo sanguíneo, o peso e altura do doador, com nuances próprias para cada órgão, além de exames. Após a confirmação de compatibilidade o transplante pode ser realizado. Mais informações estão disponíveis no site da Central Estadual de Transplantes.