A superlotação e a falta de vagas são obstáculos para quem procura os hospitais públicos em todo o país. Os recursos escassos são geralmente utilizados como justificativa para este cenário, o que de fato contribui, no entanto, mudanças simples no modo de gerir os hospitais podem melhorar o quadro. Compreendendo esta realidade, nesta quarta-feira (5), dia Nacional da Saúde, uma boa notícia para os baianos. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) desenvolveu uma estratégia para ampliar o número de leitos sem que seja construído um só hospital. Dentro de seis meses, a expectativa é que a rede pública de média e alta complexidade ganhe 560 novas vagas de enfermaria e 70 de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). “Isso é possível com a implantação da gestão de leitos em todas as unidades, mas também não basta implantar, tem que ser eficiente”, afirma o secretário da Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas.
Neste processo de melhoria contínua que envolve o engajamento de todos, o objetivo é buscar a utilização dos leitos disponíveis em sua capacidade máxima dentro de critérios técnicos definidos, visando a diminuição da espera para internação, transferências externas, alta hospitalar e satisfação dos pacientes e profissionais de saúde. Para alcançar esta meta, a Sesab está promovendo um curso de capacitação em Gestão Hospitalar, com duração de 72 horas, voltado para diretores médicos e administrativos dos hospitais da Rede Própria. O curso, que teve início no dia 31 de julho, tem duração de seis meses, com aulas a cada 15 dias, e certificado emitido pela Escola Estadual de Saúde Pública (EESP).
Utilizando o cenário epidemiológico dos hospitais baianos e cruzando com os dados de referência do tempo médio de permanência e ocupação dos leitos da Agência Nacional de Saúde (ANS) e do Ministério da Saúde (MS), os hospitais baianos da rede pública terão metas para o giro de leitos. “O conceito é simples: em média, cada leito de enfermaria, UTI adulto e pediátrico deverão ser ocupados por três pacientes no mês. É claro que existem casos excepcionais e serão tratados como tal”, afirma o superintendente de Gestão dos Sistemas de Regulação da Atenção à Saúde, José Saturnino Rodrigues, que ressalta ainda a diferença do tempo médio de ocupação da UTI Neonatal e Obstetrícia, visto que são 15 dias e três dias, respectivamente.
Da humanização à economia
No conteúdo programático do curso, a variedade reflete a complexidade da gestão hospitalar: administração; corpo clínico; acolhimento e humanização; economia na saúde (gestão financeira, planejamento e orçamento, noções de custos, faturamento SUS); marketing hospitalar; documentação legal; serviços estatísticos; relacionamento com órgãos como Procuradoria Geral, Tribunal de Contas e Corregedoria; auditoria do SUS; exigências da Vigilância Sanitária; relacionamento com Central de Transplantes e Hemoba; administração de materiais; engenharia clínica e manutenção; tecnologia da informação; gestão de contratos; gestão do SUS; hotelaria; higienização e lavanderia; e coleta seletiva.
Uma das unidades de referência em padrão de atendimento e gestão de leitos é o Hospital do Subúrbio. Com 313 leitos, a unidade hospitalar tem, em média, 38 altas por dia, pouco acima da meta estabelecida, que seriam 30. Na avaliação do secretário Fábio Vilas-Boas, a qualidade da assistência praticada na instituição é “uma prova de que é possível fazer saúde pública com recursos limitados, bem aplicados e bem geridos, traduzindo-se, conseqüentemente, em qualidade assistencial e bem-estar para a população”.