Em depoimento prestado à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras nesta terça-feira (25), o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Operação Lava Jato, afirmou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu recursos desviados de Furnas quando ainda era deputado federal. Youssef disse que o ex-deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010 e condenado no processo do mensalão, contou que operava um esquema de corrupção dentro de Furnas e que Aécio seria um dos beneficiários. “Eu confirmo [a participação] por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre”. A declaração já havia sido feita em depoimento ao Ministério Público durante as investigações da Lava Jato. De acordo com Youssef, Aécio recebia o dinheiro “através de sua irmã”.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu o arquivamento da investigação envolvendo Aécio. A Procuradoria entendeu que as informações reunidas sobre o presidente do PSDB não foram suficientes para que ele seja investigado, por isso sugeriu ao ministro Teori Zavascki o arquivamento da denúncia. Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa participam de uma acareação na CPI da Petrobras. Os dois confirmaram o pagamento de propina de R$ 10 milhões para evitar uma CPI no Congresso.
Outro lado
Em resposta, o PSDB divulgou uma nota e afirmou que o as informações reveladas durante a CPI em referência ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) “são improcedentes e carecem de quaisquer elementos que possam minimamente confirmá-las”. “Não se tratam de informações prestadas, mas sim de ilações inverídicas feitas por terceiros já falecidos”. A nota ainda menciona que as declarações de Youssef podem atender a algum “interesse político”. Com informações do Portal R7.
Confira a nota na íntegra:
Como já foi afirmado pelo advogado de Alberto Youssef e, conforme concluiu a PGR (Procuradoria Geral da República) e o STF (Supremo Tribunal Federal), as referências feitas ao senador Aécio Neves são improcedentes e carecem de quaisquer elementos que possam minimamente confirmá-las.
Não se tratam de informações prestadas, mas sim de ilações inverídicas feitas por terceiros já falecidos, a respeito do então líder do PSDB na Câmara dos Deputados, podendo, inclusive, estar atendendo a algum tipo de interesse político de quem o fez à época.
Em seu depoimento à Polícia Federal, conforme a petição da PGR, Youssef afirma que: “Nunca teve contato com Aécio Neves” (página 18) e que “questionado se fez alguma operação para o PSDB, o declarante disse que não” (página 20).
Na declaração feita hoje, diante da pressão de deputados do PT, Yousseff repetiu a afirmativa feita meses atrás: de que nunca teve qualquer contato com o senador Aécio Neves e de que não teve conhecimento pessoal de qualquer ato, tendo apenas ouvido dizer um comentário feito por um terceiro já falecido.
Dessa forma, a tentativa feita pelo deputado do PT Jorge Solla, durante audiência da CPI que investiga desvios na Petrobras, buscou apenas criar um factoide para desviar a atenção de fatos investigados pela Polícia Federal e pela Justiça e que atingem cada vez mais o governo e o PT.