O deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) apresentou na quarta (2) ao plenário da Câmara parecer sobre a proposta de emenda Constitucional (PEC) 215, que, entre outros pontos, transfere do Executivo para o Legislativo a prerrogativa de demarcar terras indígenas. Antes da sessão, deputados contrários e favoráveis à proposta entraram em acordo para que não houvesse abertura de debate ou pedido de vista do relatório. A sessão foi encerrada assim que Osmar Serraglio, relator da matéria, finalizou a leitura do texto.
De acordo com o deputado, o governo federal já deveria ter demarcado todas as áreas indígenas, conforme estabelece a Constituição Federal. Segundo ele, a situação atual colabora para o acirramento de conflitos, o que poderá ser amenizado com a PEC 215. “Queremos mostrar que o governo deveria estar preocupado em cuidar do indígena. Eles deveriam dar prioridade a isso, já que a Constituição determinou prazo. A intenção era que fosse demarcada até 1994, de modo a evitar conflito”, acrescentou o relator.
O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) destacou que representantes de diversas instâncias e poderes devem discutir o assunto. “Não se quis avançar na direção nem da discussão nem da votação porque percebe-se a gravidade da situação da questão indígena no país, sobretudo pelos últimos acontecimentos. Portanto, foi lido o relatório e já se antecipou que não haverá outras reuniões para discussão e votação antes de uma reunião entre os poderes, incluindo o Ministério Público Federal, o presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro da Justiça, eventualmente o ministro da Casa Civil e o Congresso”, afirmou Molon.
O índio Júnior Xukuru veio de Pernambuco e era um dos poucos indígenas presentes à apresentação do relatório. Xukuru informou que os índios estão prontos para a guerra, porque, segundo ele, a PEC 215 vai piorar a situação atual de violência que as populações indígenas enfrentam. “É muita indignação. Falo em nome dos povos indígenas do Brasil. É muita indignação e, se for pra morrer, não vai morrer só um povo. Morrerão 305 povos. Nós também estamos nos articulando para ir para o embate. Vamos para a guerra.” Ainda não há previsão de novos debates nem de votação da proposta na Câmara. Da Agência Brasil.