A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informa que, em 2015, até o dia 3 de dezembro, foram notificados 150 casos suspeitos de microcefalia – são 86 confirmados, com perímetro encefálico igual ou menor que 32 centímetros, e 64 notificações sem quaisquer informações sobre o perímetro encefálico. Esse critério segue os novos padrões adotados pelo Ministério da Saúde, no dia 4 deste mês, em consonância com a Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com informações da Sesab, entre os 150 casos, foram notificados seis óbitos, sem a informação referente ao perímetro cefálico. As mortes ocorreram nos municípios de Salvador (1), Itapetinga (1), Olindina (1), Tanhaçu (1), Camaçari (1) e Itabuna (1),
Os municípios que concentram maior número de notificações, com indicativo do perímetro encefálico menor ou igual a 32 centímetros, são Salvador (53), Lauro de Freitas (4) e Camaçari (3). Estes números não incluem os casos notificados sem o indicativo do perímetro. A suspeita, notificação e registro de microcefalia são fundamentais para o processo de investigação – visando identificar as prováveis causas – e o acompanhamento da evolução dos casos. Todos os casos que se enquadram na definição do Ministério da Saúde devem ser comunicados imediatamente (até 24h) pela equipe do estabelecimento de saúde, onde foi realizado diagnóstico, por meio do formulário de notificação de ocorrência de microcefalia disponível no endereço RespSaúde.
Reunião em Brasília
O titular da Sesab, Fábio Vilas-Boas, participa de uma reunião em Brasília, nesta quarta-feira (9), com o objetivo de alinhar as estratégias com os demais estados brasileiros, ação similar que a Secretaria da Saúde do Estado realizou junto à região Nordeste. Na oportunidade, os secretários de Saúde irão unificar as estratégias de modo a encaminhar as demandas em bloco para o Ministério da Saúde. Entre as propostas da Bahia estão a liberação de verba suplementar do governo federal, da ordem de R$ 15 milhões, para as ações de intervenção e contenção do processo epidêmico, além de fornecimento emergencial do suprimento de larvicidas e adulticidas (um tipo de inseticida).
Outra proposta é a agilização dos resultados dos exames laboratoriais enviados ao Instituto Evandro Chagas (IEC), laboratório de referência para Zika, até a implantação da técnica no Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (Lacen), na Bahia. Os recursos servirão ainda para aquisição de novos pulverizadores costais, testes rápidos para diagnóstico de dengue e chikungunya, e ampliar o projeto do Aedes transgênico, no município de Juazeiro.
Centro de Operações
Nesta semana entra em funcionamento o Centro de Operações de Emergências em Saúde do Governo da Bahia. O objetivo é atender às necessidades de produção e atualização de informações sobre o quadro epidemiológico baiano e o estabelecimento das medidas de vigilância, controle e atenção. Coordenada pela Secretaria da Saúde do Estado, a ação envolve outros órgãos estaduais, o Ministério da Saúde, além de especialistas de diversas áreas – sanitaristas, epidemiologistas, infectologistas, obstetras e neuropediatras. O Centro de Operações também será responsável pelo envio de equipes para auxiliar os municípios na investigação em campo, clínica e laboratorial, além do estabelecimento de um plano para controle das microcefalias e redução dos agravos.
Combate ao mosquito
Desde o início de 2015, o Governo da Bahia vem implementando uma série de ações para o combate ao Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, zica e chikungunya. Outra iniciativa de destaque é o desenvolvimento de um teste rápido que, por meio de smartphone com GPS, permite o georeferenciamento (Google Maps) dos casos, a fim de controlar rapidamente os surtos. O resultado do teste sai em apenas 20 minutos enquanto que o método utilizado antes demorava até 60 dias. Os primeiros municípios a dispor do teste rápido, iniciativa inédita no País, foram Feira de Santana, Riachão do Jacuípe e Ribeira do Pombal.
Orientações
Considerando o quadro epidemiológico atual, a Sesab recomenda aos Núcleos Regionais de Saúde, Bases Regionais de Saúde e às secretarias municipais de saúde as seguintes ações:
– Divulgar aos profissionais de saúde a definição padronizada de casos suspeitos de microcefalia;
– Notificar imediatamente os casos suspeitos, por meio do formulário de Registro de Eventos de Saúde Pública referente às microcefalias (Resp – Microcefalias), no endereço www.resp.saude.gov.br e no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) conforme orientação;
– Divulgar para a população, em especial mulheres em idade fértil e gestantes, medidas de proteção individual, mesmo sem evidências até o momento de relação causal de qualquer enfermidade e agravo prévio;
– Reforçar as ações de prevenção e controle vetorial (a exemplo da eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti) nas áreas urbanas e periféricas;
– Reforçar a importância do registro no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) dos casos de notificação compulsória ocorridos durante a gestação, especialmente sífilis, toxoplasmose, HIV, dengue, chikungunya e zika;
Diante da probabilidade de associação da microcefalia com doenças infecciosas ou outras causas, os serviços e profissionais de saúde são orientados a informar, a todas as gestantes e mulheres em idade fértil com possibilidade de engravidar, as recomendações:
– Devem ter a sua gestação acompanhada em consultas pré-natal, realizando todos os exames recomendados pelo seu médico;
– Atualização das vacinas de acordo com o calendário vacinal do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde;
– Não devem consumir bebidas alcoólicas ou quaisquer tipos de drogas;
– Não utilizar medicamentos sem a orientação médica;
– Evitar contato com pessoas com febre, exantemas (erupções cutâneas vermelhas em um região específica ou por todo o corpo) ou infecções;
– Adoção de medidas para reduzir a presença de mosquitos transmissores de doenças, com a eliminação de criadouros (retirar recipientes que tenham água parada e cobrir adequadamente locais de armazenamento de água);
– Tentar se proteger de mosquitos, mantendo portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida;
– Consultar o médico sobre o uso de repelentes e verificar atentamente, no rótulo, a concentração e definição da frequência do uso para gestantes;
– Em caso de qualquer alteração no estado de saúde, principalmente no período até o quarto mês de gestação, ou persistência de doença pré-existente nessa fase, comunicar o fato aos profissionais de saúde (médicos obstetras, médico ultrassonografista e demais componentes da equipe de saúde) para que adotem as devidas providências para o acompanhamento da gestação.