O ex-ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha disse nesta segunda-feira (7) que não participará de uma “conspiração” pelo impeachment e que “a chance é zero” de que ele e o presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, participem de articulações para que o afastamento da presidenta da República aconteça. “Quem conhece o presidente Michel Temer e me conhece sabe que conspiração não cabe no nosso vocabulário. Ele é um homem que é um democrata vocacionado à observância da Constituição e da Lei. Então ninguém espere de Michel e de mim golpe. Nós não seremos parceiros de golpe nenhum, nunca”, afirmou Padilha durante entrevista à imprensa para esclarecer os motivos que o levaram a protocolar, na última quinta-feira (3), a carta datada do dia 1º de dezembro, com o pedido de exoneração do cargo.
Peguntado se ambos pretendem trabalhar a favor da presidenta para que ela fique no cargo, Eliseu Padilha disse que o PMDB está “dividido” em relação ao impeachment e que Temer está “ouvindo a todos” e só irá se manifestar quando tiver uma posição partidária. “O PMDB tem uma composição múltipla. Uma parte do partido apoia e é fiel ao governo de forma incondicional, uma parte é neutra e uma parte faz oposição. O presidente Michel Temer tem que ser tradutor dessa vontade do partido, sob pena de perder o controle do partido. E esse é o momento que faz que ele tenha a posição que ele tem de refletir, de colher opiniões, para depois poder expressar”, disse.
De acordo com o ex-ministro, um dos motivos que o levaram a se afastar do cargo foi um “chamamento” do próprio Temer, para que cuide da articulação do partido, sendo interlocutor com os 27 diretórios regionais sobre o projeto para as eleições de 2016 e 2018. “Eu sou aqui um executor daquilo que o presidente vai fazer no partido. Eu venho para cá para cuidar das eleições de 2016, 2018, cuidar do partido para que a gente possa ter as eleições que nos garantam ser o maior partido do país também a partir de 2016 e, mais ainda, a partir de 2018”, afirmou.
Ainda de acordo com Padilha, outras questões influenciaram na decisão, como o fato de não poder dispor do Fundo Nacional da Aviação Civil para tocar os projetos de ampliação e construção de aeroportos regionais, com os quais vinha se comprometendo junto a prefeitos e deputados. De acordo com o ex-ministro, o contingenciamento do fundo é compreensível, dado o momento econômico vivido pelo país, mas que o deixou “frustrado”. Padilha disse também que quer voltar a se dedicar aos seus compromissos como advogado e empresário, mas admitiu que o fato de ter visto uma indicação sua para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ser retirada pelo Palácio do Planalto, foi um episódio que o fez “decidir” pela entrega da carta. Da Agência Brasil.