Para homenagear os heróis da Revolta dos Búzios e a luta dos negros na Bahia, o Governo do Estado vai fixar uma réplica da bandeira do movimento na Praça da Piedade, que já abriga o busto de quatro de seus mártires. A ação é resultado é mais um marco que reafirma a política de promoção da igualdade racial na Bahia e tem a participação das organizações sociais do Olodum e do Ilê Ayiê.
Ocorrida em 1798 na Bahia, a revolta foi organizada por líderes negros que queriam a Independência do Brasil e o fim da escravidão, tendo como inspiração os ideais da Revolução Francesa (1789). Estudiosos do movimento também conhecido como Revolta dos Alfaiates e Conjuração Baiana indicam a existência de uma bandeira de duas tiras branca e uma azul, com uma estrela vermelha e a inscrição em latim “Surge, nec mergitur” (Apareça e não se esconda). É a réplica dessa bandeira que ficar á hasteada na Praça da Piedade.
“A instalação da bandeira alusiva à Revolta dos Búzios na Praça da Piedade é uma iniciativa de grande valor simbólico, de justiça e afirmação da luta do povo negro. O governo cumpre, desta forma, um importante papel de reparação e reconhecimento a este processo relevante nos capítulos da histórica da Bahia, que teve quatro líderes negros como protagonistas, perseguidos e mortos em consequência da trajetória de enfrentamento à escravatura e ao sistema político da época”, afirma a titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Vera Lúcia Barbosa .
Na opinião do presidente do Olodum, João Jorge, é fundamental ter em Salvador e em toda Bahia vários monumentos que remetam à Revolta dos Búzios, dada sua relevância para a história do estado, do Brasil e do mundo. “Os membros se defendiam valores universais de liberdade. A presença desses símbolos é extremamente importante para a educação do nosso povo, especialmente na Praça da Piedade onde os líderes foram mortos”, ressalta João Jorge.
Para Vovô do Ilê a instalação da bandeira será importante no sentido de chamar a atenção do público, especialmente da população negra sobre o movimento. “Acredito que a presença da bandeira vai despertar a curiosidade do público, dando mais visibilidade a história da revolta e dos seus mártires, ainda pouco conhecida do público, apesar da divulgação que feita através dos blocos afro”, destaca o presidente do Ilê Ayiê.
A data em que o mastro será colocado na praça da capital baiana será divulgada pelo Governo do Estado ainda este ano. A ação é uma articulação das secretarias de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), de Comunicação (Secom) e da Cultura (Secult).