A associação do vírus zika aos recentes casos de microcefalia no Brasil tem mobilizado sociedade e comunidade científica para o combate ao mosquito que transmite a doença e é velho conhecido dos brasileiros, o Aedes aegypti. O controle das suas populações é considerado, emergencialmente, assunto de saúde pública. A única forma de prevenção da doença é o combate aos mosquitos, eliminando os criadouros de forma coletiva, com participação comunitária, e o estímulo à estruturação de políticas públicas efetivas para o saneamento básico e o uso racional de inseticidas.
Pesquisadores do Núcleo de Bioprospecção e Conservação da Caatinga, rede articulada pelo Instituto Nacional do Semiárido do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (Insa/MCTI), estão desenvolvendo um biopesticida para combater o mosquito que é o transmissor da dengue, da chikungunya e do vírus zika. O biopesticida é desenvolvido a partir de compostos de plantas da caatinga, como a umburana ou umburana de cambão. Os resultados das pesquisas se mostraram promissores.
Segundo o pesquisador Alexandre Gomes, óleos essenciais de Commiphora leptophloeos, nome científico da umburana, ajudaram a combater o mosquito. O próximo passo é isolar os compostos presentes no óleo e testá-los separadamente. “A proposta é desenvolver um biopesticida com compostos de plantas da Caatinga que possa contribuir para amenizar um problema tão urgente hoje na sociedade brasileira”, afirmou o pesquisador.
Ele ressalta que o uso indiscriminado pode favorecer a resistência dos mosquitos aos inseticidas.Os estudos também concluíram que a ação de óleos essenciais de Eugenia brejoensis, conhecida com cutia, uma espécie da família Myrtaceae (família da pitanga e goiaba), foi considerada moderada, sendo capaz de exterminar até 50% das larvas dos mosquitos nos testes, com uma dose de 214,7 ppm (parte por milhão).
As plantas foram coletadas no Parque Nacional do Catimbau, em Pernambuco, mas também podem ser encontradas em Sergipe e no Espírito Santo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que três bilhões de pessoas estejam vivendo em áreas com risco de infecção das doenças causadas pelo Aedes aegypti em todo o mundo. Todos os anos, cerca de 50 milhões de casos de dengue são registrados no mundo, sendo que 500 mil são considerados graves, e 21 mil resultam em morte. Com informações do INSA/MCTI.