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Baianas protestam contra “Operação Acarajé” da PF em dia de certificação

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Certificação das 60 baianas, no Espaço Crescer da Setre, teve protesto pela denominação de “Operação Acarajé”, em uma das fases da Operação “Lava-Jato” | FOTO: Divulgação/Reinaldo Alcântara/Setre |

Sessenta baianas de acarajé receberam na última quinta-feira (25), certificados do Curso de Gestão de Negócios e Manipulação Alimentos promovido pela Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), realizado em parceria com a Universidade Católica de Salvador (UCSal) e a Associação de Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (Abam). A solenidade, que transcorreu em clima de festa e alegria, foi contaminada por um protesto das baianas com o fato de a Polícia Federal ter nominado de Acarajé uma das etapas da Operação Lava Jato que apura irregularidades na Petrobras.

“Não é justo o que fizeram com uma das mais seculares tradições da culinária baiana. Não ficamos nada satisfeitas com esta denominação e gostaríamos que o fato fosse avaliado por quem de direito”, disse, irritada, a baiana Rita Santos, presidente da Abam. Ela, inclusive, citou um fato já ocorrido com uma das baianas de acarajé de Salvador. “Um freguês, cheio de graça, chegou em um tabuleiro e disse: E aí baiana, você também está na Lava-Jato?”, deixando-a constrangida. O secretário estadual do Trabalho e Esporte, Álvaro Gomes, também se posicionou contrário à denominação e considerou um desrespeito a um importante símbolo da cultura baiana. “Estou do lado de vocês e me junto a este protesto”, sentenciou.

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O secretário estadual do Trabalho e Esporte, Álvaro Gomes, também evidenciou sua posição contrária | FOTO: Divulgação/Reinaldo Alcântara/Setre |

Regularização do ofício
Além da certificação, chancelada pela Universidade Católica, outra boa notícia foi o anúncio de que o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), vai colocar, até junho próximo, o “ofício” das baianas de acarajé na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Reitor Padre Maurício Ferreira valorizou a parceria com a Setre e confirmou que UCSal vai manter as portas abertas para novas iniciativas. Pediu desculpas públicas pelos “atrasos” da Igreja Católica com os povos de matriz africana, e reconheceu que a instituição que hoje dirige “está dando um passo olhando para o futuro”.

Relembrou tempos de infância como estudante pobre em Itacaranha, Subúrbio Ferroviário, quando, em grupo, “encostava no tabuleiro de uma baiana, às vezes sem nada no bolso, e ganhava por generosidade um acarajé”. Aproveitou para recomendar a todas, “que não abram mão dos seus adornos tradicionais para atender a qualquer exigência de mercado”. Outro anúncio que deixou a todas felizes, foi o reinício do curso, a partir da segunda quinzena de março, com duas novas turmas de 30 alunos cada. A presidente da Abam, Rita Santos, solicitou à Setre que mantenha este ritmo de ação, pois tem recebido solicitações das colegas que atuam, inclusive, no interior do Estado.

Durante a solenidade, a Setre ofereceu, gratuitamente, serviços de cadastramento de Microempreendedor Individual (MEI) pelo Sebrae; e acesso ao Programa de Microcrédito (CrediBahia).Também participou da solenidade o superintendente de Economia Solidária (Sesol) da Setre, Milton Barbosa entre outras autoridades.

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