O aumento de 252% nos casos de violência contra a mulher, de acordo com o Mapa da Violência 2015, tem como parte da causa a reação machista diante da popularização do feminismo na sociedade brasileira. A secretária Tatau Godinho avalia que o aumento das agressões e assassinatos de mulheres é explicado também pelo aumento do número de denúncias. “A reação conservadora é negativa e violenta”, afirma.
A luta contra a violência é um tema central do movimento feminista no Brasil desde o início da década de 1980. “Foi um longo processo até a criação de um aparato de polícia, justiça e saúde com atendimento específico para as que sofrem violência”, explica a secretária Godinho. A primeira delegacia de Defesa da Mulher, por exemplo, foi criada há 30 anos em São Paulo.
“O machismo é muito forte na sociedade brasileira. É chocante perceber o aumento, por exemplo, das denúncias de violências contra as mulheres nas universidades, um local de pessoas jovens, mais instruídas e que, portanto, você esperaria que já tivessem assimilado a necessidade da igualdade entre os gêneros”, desabafa Tatau. A socióloga e educadora Carmen Silva, da organização SOS Corpo e da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), diz que o conservadorismo está crescendo em alguns setores.
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“A gente há muito tempo não via tantos projetos contra os nossos direitos no Congresso e tanto descaramento na defesa de pautas homofóbicas, misóginas. Isso também é visto na mídia e nas igrejas”, avalia, lembrando de projetos como o que restringe o conceito de família ao núcleo formado a partir da união entre o homem e uma mulher.
Denúncias
Desde a criação da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, em 2005, foram registrados mais de 4,5 milhões de atendimentos. No primeiro semestre de 2015, a Central realizou 364.627 atendimentos, uma média de 2.025 atendimentos por dia. Destes, 32.248 foram relatos de violências físicas e psicológicas sofridas por mulheres.
Segundo a secretária, políticas públicas como a Lei Maria da Penha, que aumentou o rigor das penas sobre crimes de violência doméstica e familiar, os juizados especiais de atendimento à mulher, os centros de atendimento e a Casa da Mulher Brasileira incentivam muitas brasileiras a terem coragem de denunciar. “São elementos que fazem muitas ficarem mais seguras para denunciar, pois vão encontrar apoio”.
De acordo com os dados registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Sistema Único de Saúde (SUS), duas em cada três vítimas de violência em 2014 foram mulheres que precisaram de atenção médica por violências domésticas, sexuais e/ou outras. A cada dia de 2014, 405 mulheres procuraram atendimento em unidades de saúde, por alguma violência sofrida. Com informações da Agência Brasil.