Há 17 anos que a Chapada Diamantina não tinha registros de flores da espécie Candombá e foi exatamente em uma das áreas queimadas pelos incêndios do fim do ano passado que ela desabrochou entre os tocos de árvores queimadas numa área devastada por um incêndio na Serra da Larguinha, entre os municípios de Palmeiras e Lençóis.
O fotógrafo baiano Rui Rezende foi quem registrou o reaparecimento das flores. Ele fazia uma trilha com um dos filhos através do Vale do Capão para chegar até a Cachoeira da Fumaça, a segunda cachoeira mais alta do Brasil, quando se deparou com a cena rara. “Foi uma grata surpresa. A gente estava indo em direção à Cachoeira da Fumaça por baixo. Eu estava levando o meu filho mais uma vez por essa trilha junto com os amigos quando me deparei com aquela cena na subida da trilha”, destacou.
De acordo com o botânico Abel Augusto Conceição, da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), as flores da espécie Candombá dependem do fogo para florir. “Essa florada exuberante e maravilhosa é uma cena extremamente rara. Essa população de candombá floresceu há 17 anos e somente agora deu flor novamente. Ela depende do fogo, e só floresce com o fogo. Ela só existe dentro do parque nacional da Chapada”, destaca o especialista.
Ao longo da carreira, Rui Rezende conta que já fotografou várias vezes a Chapada Diamantina, inclusive durante as queimadas provocadas pela ação humana. “Elas [as árvores] queimam completamente. Fica o toco preto, e qualquer pessoa que olhe vai ter certeza absoluta que aquela planta está morta. É uma cena fantástica. É coisa da natureza. O homem vem com o fogo, e a natureza vem com flores”, comenta. Com informações do G1 BA.