Com a proximidade do inverno e dos Jogos Olímpicos, medidas preventivas contra as doenças respiratórias devem ser redobradas. Para discutir o assunto, a Associação Bahiana de Medicina (ABM) promove o 2º Simpósio Doenças de Inverno, no próximo dia 19 de maio, na sua sede em Ondina, em Salvador. O simpósio, coordenado pelo médico Guilhardo Fontes Ribeiro, diretor acadêmico da ABM e coordenador do Serviço de Pneumologia do Hospital Santa Izabel, é dirigido a médicos, residentes e estudantes de medicina. As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas. O Simpósio vai abordar temas como prevenção e abordagem das viroses no inverno, pneumonia adquirida na comunidade e alergias respiratórias da estação – prevenção e opções terapêuticas. Informações pelos telefones (71) 2107-9682 ou 3025-9701 ou no site http://www.abmeventos.org.br
Lavar as mãos com frequência, evitar tapetes e carpete no quarto, fazer a limpeza periódica dos aparelhos de ar condicionado em casa, no carro e no ambiente de trabalho, evitar aglomerações, manter as janelas de casa abertas nos dias de sol, trocar roupas de cama semanalmente, não respirar fumaça de cigarro, hidratar-se e evitar a automedicação são algumas recomendações que podem evitar ou atenuar problemas respiratórios, muito comuns e que tendem a piorar com as mudanças bruscas de temperatura.
“Neste período do ano há um aumento de cerca de 40% da incidência de doenças respiratórias alérgicas e infecciosas, favorecido pelas mudanças bruscas de temperatura, além disso vamos sediar as Olimpíadas e as aglomerações de pessoas de todo o mundo podem precipitar uma epidemia mais ampla e grave”, adverte o pneumologista Guilhardo Fontes Ribeiro. “Já estamos vivendo um surto antecipado de H1N1, que obrigou o governo a antecipar a campanha de vacinação também”, lembra o especialista. “O melhor meio de prevenção é a vacina contra a gripe”, ressalta o médico.
As doenças respiratórias podem ser divididas em alérgicas (rinite, asma e DPOC) e infecciosas (influenza, pneumonia, amigdalite, otite, resfriados, bronquite aguda) embora em certos pacientes ambas as situações estejam presentes, aumentando o risco de complicações e criando um ciclo vicioso. “As alergias favorecem as infecções assim como as infecções, especialmente as virais, agravam as doenças alérgicas”, explica o especialista.
“Durante o inverno, por exemplo, a tuberculose pode ser confundida com infecções respiratórias e, quando o paciente é medicado inadequadamente com antibióticos para infecções respiratórias, a doença pode ficar transitoriamente mascarada, retardando assim o seu diagnóstico correto, aumentando as chances de sequelas, multirresistência e disseminação da doença”, alerta Guilhardo Fontes.
Segundo o médico, “o uso frequente da automedicação, principalmente com antitérmicos, anti-inflamatórios, descongestionantes e analgésicos, pode mascarar o quadro clínico de muitas destas doenças, retardando o diagnóstico, além de poder desencadear efeitos colaterais graves”. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), cerca de 20 mil pessoas morrem no país, anualmente, em decorrência do uso inadequado de medicamentos.
Em Salvador a taxa de pacientes com rinite alérgica é próxima aos 40% em crianças de 6 a 7 anos, a maior entre as cidades brasileiras. Em adultos jovens de todo Brasil, a taxa fica em 30%, a grande maioria não diagnosticada e tratada, com graves consequências na qualidade de vida. Estima-se que 20 milhões de brasileiros sofram de asma, com mortalidade de três mil pessoas anualmente. “Um absurdo por se tratar de uma morte totalmente evitável”, reflete o médico.