Medidas para assegurar a livre circulação de animais silvestres no território nacional, com a redução de acidentes em rodovias e ferrovias brasileiras, estão sendo propostas pelo Projeto de Lei 466/2015 que tramita em regime de urgência na Câmara de Deputados e aguarda votação no plenário desde o dia 22 de março. Segundo levantamento do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da Universidade Federal de Lavras, 475 milhões de animais selvagens são atropelados no Brasil a cada ano. Segundo o coordenador do centro, o professor e pesquisador Alex Bager, 90% deles são pequenos vertebrados, como sapos, cobras e aves.
“Eles representam mais de 400 milhões e são igualmente importantes, então também merecem ser mais bem estudados. O fato de nós não perceberemos [esses pequenos animais] não implica que isso também não tenha uma tremenda importância para a conservação da biodiversidade no Brasil”, disse. Os vertebrados de grande porte, como antas, capivaras, lobos-guarás e onças, somam 5 milhões de animais atropelados.
Para o pesquisador, a aprovação do projeto de lei seria uma das maiores contribuições para a conservação da biodiversidade do Brasil. “É uma legislação que estaria atuando em todo território nacional e que geraria algumas obrigações que, se bem monitoradas e implementadas, vão favorecer tanto a proteção da biodiversidade quanto a proteção das pessoas.” Segundo Bager, em outros países, são gastos bilhões de dólares todos os anos com acidentes envolvendo animais selvagens. “Então estamos discutindo um aspecto que tem importância ambiental, social e econômico. É fundamental que esse projeto seja aprovado”, disse.
Livre circulação
Entre as medidas previstas no projeto de lei estão a instalação de redutores de velocidade e refletores e a adoção de medidas de mitigação, como construção de passagens de fauna aéreas ou subterrâneas, pontes e cercas.
Segundo o coordenador do CBEE, 19 planos de ação para conservação da fauna desenvolvidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que contemplam em torno de 35 espécies ameaçadas no Brasil, afirmam a necessidade de trabalhos e estudos para reduzir a mortalidade por atropelamento.
De acordo com Bager, os felinos de modo geral são fatalmente impactados. “Eles caminham muito e precisam de uma grande área para conseguir a comida de que eles necessitam para viver. Como existem muitas rodovias e ferrovias, isso obriga que eles fiquem cruzando as pistas. Assim como os felinos, animais que caminham muito como lobo-guará e anta estão altamente sujeitos a atropelamento”, disse. As informações são da Agência Brasil de Notícias