Cerca de 1,5 mil trabalhadores rurais sem-terra ocuparam prédios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Salvador, Itabuna e Bom Jesus da Lapa, nesta quarta-feira (8). Conforme informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as ocupações seguem o cronograma estabelecido com diferentes protestos populares “contra o governo ilegítimo do presidente interino Michel Temer”. Membro do MST, o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) salienta que as ações “são legítimas” e que “o povo deve lutar por seus direitos”.
“A extinção do MDA [Ministério de Desenvolvimento Agrário] causou repulsa em movimentos de luta pela terra. Se já era difícil debater a reforma agrária, agora ficou ainda pior. São esses tipos de atitudes que o governo golpista estabelece onde retrocedemos anos de lutas por direitos dos trabalhadores”, destaca Valmir.
Segundo o dirigente nacional do MST, Evanildo Costa, o MDA é também “um marco de luta contra a violência no campo e espaço de afirmação das minorias”. “O ministério é o espaço de representatividade política das populações rurais, por garantir o avanço e o desenvolvimento dos agricultores. Exemplo disso, foi a sua criação em 1999 pautado a partir do massacre de Eldorado dos Carajás, que aconteceu em abril de 1996”, completa
Evanildo aponta que “não é permitido recuar diante das ofensivas conservadoras e reacionárias do governo interino, que não aceitará retrocessos e que a reforma agrária precisa estar na ordem do dia”. Sem previsão de saída e contando com o apoio de diversos movimentos e organizações populares do campo e da cidade, a simbologia da resistência histórica construída a partir das lutas pela terra estão presentes nas ocupações, com a bandeira vermelha estendida sobre os prédios dos institutos.