Em entrevista ao site do jornal A Tarde, a prefeita do município de Itaetê, na Chapada Diamantina, Lenise Estrela (PSB), declarou ter desistido de disputar a reeleição e assim encerra a carreira política, segundo ela, decepcionada com a falta de verbas para administrar o município. Na nota, além de alegar falta de apoio dos governos estadual e federal, a gestora disse estar “muito decepcionada com o fato de não poder oferecer o que a população precisa”. E foi mais longe, dizendo que os recursos eram insuficientes para manter os serviços de saúde, saneamento, educação e outros, sem falar, que ainda reclamou da falta de segurança.
“O que a prefeita Lenise Estrela esqueceu-se de dizer foi que, na verdade, desistiu da reeleição, porque está sendo rejeitada pela maioria da população de Itaetê e pelo seu próprio grupo político, que via em sua candidatura uma fragorosa derrota a ser imposta pela oposição, devido a sua desastrosa administração, quando se trata de garantir as necessidades mais básicas da população”, frisa o ex-prefeito do município Leonídio Souza Damasceno, o popular Bolota (PP).
Lenise Estrela não vai para a reeleição, mas apresentou um sucessor, o candidato Zenildo Matos (PSD). Entretanto, políticos comentam na cidade que o apoio da prefeita ao seu candidato tem sido discretamente disfarçado, já que nos atos políticos até aqui realizados, a gestora sequer tem direito a discursar, como aconteceu na convenção, onde a presença de Estrela não foi lembrada por políticos da base.
“A prefeita alega falta de apoio, mas é bom lembrar que obras como o sistema de água na zona rural; construção da Praça José Américo [que se arrasta desde 2014 sem concluir]; calçamentos na sede; recursos para construção do Cras [obra que ninguém sabe onde fica]; construção de unidade de saúde na sede; casas populares; construção de quadra de esportes são obras dos governos estadual e federal”, ressalta Bolota.
Ainda durante a entrevista, a prefeita alega falta de recursos, porém os políticos de oposição listaram uma série de gastos supérfluos que não foram evitados e os desvios denunciados pelos vereadores Jorge de Tiodoro, Paula de Neto e Gerinaldo Correia, tais como os R$ 78,8 mil para reforma do seu gabinete (2015), R$ 346 mil para aquisição de mudas de plantas para ornamentação paisagista que, segundo os vereadores, nunca chegam ao município (2016), contratação de ônibus para transporte escolar em licitação no valor unitário de R$ 6,3 mil, quando ela própria havia pagado sem licitação o valor de R$ 3,9 mil (2013).
A lista das irregularidades ainda constam a contratação de 2012 a 2015 da cooperativa de saúde (Coofsaúde), no valor de R$ 4,9 milhões para fornecer profissionais na saúde, mas quando denunciada ao Ministério Público Federal do Trabalho, Lenise Estrela apresentou, no mês de maio de 2015, uma folha de pagamento com salários que somados totalizavam pouco mais de R$ 1 milhão para 12 meses que era o prazo do contrato. Houve também gastos de R$ 128,4 mil com recursos provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) em atividades estranhas à educação básica.
Tem na lista os gastos de R$ 560,4 mil com assessorias; gastos de R$1,5 milhão para contratação de um caminhão para limpeza pública em 12 meses. Em 2013, Lenise Estrela contratou transporte para todas as Secretarias no valor de R$ 1,8 milhão por ano. Já em 2014 contratou somente para a Secretaria de Educação ao valor R$ 1,6 milhão, também para 12 meses. Contrato que se estende até a presente data.
“Tudo isso e muito mais, em um município que está há cinco anos com sucessivos decretos de situação de emergência”, completa o opositor Bolota. Vale informar, que essas irregularidades da administração de Lenise Estrela estão detalhadas e comprovadas nos 23 processos de denúncias e termos de ocorrências que tramitam contra a gestora no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA), dos quais um total de 15 já foram julgados e resultaram em punição e multas no valor de R$ 72 mil e R$ 14,8 mil em ressarcimentos.
Ainda tramitam contra a prefeita de Itaetê três representações (003.0.93761/2015; 003.0.93768/2015; 003.0.179726/2015) no Ministério Público Estadual e quatro representações (1.14.008.000172/2013-95; 1.14.000171/2-13-41; 1.14.000170/2013-04; 1.14.008.000069/2014-26), no Ministério Público Federal (MPF), em Jequié, além do inquérito n.º 000644.2013.05.006/1 – que investiga o contrato com a Coofsaúde, que tramita no Ministério Público Federal do Trabalho, em Feira de Santana.
Na Justiça Federal, em Jequié, tramitam três ações: Execução Fiscal n.º 005100-13-2015.4.01.3308, impetrada pela Caixa Econômica Federal e trata sobre FGTS; Ação Civil pública n.º 0004589-78.2016.4.01.3308 movida pelo MPF, que trata sobre violação aos princípios administrativos e a Ação de Improbidade Administrativa n.º 4805-39.2016.4.01.3308 por desvio de recursos do Fundeb na construção de uma quadra esportiva, conforme já publicado.
Jornal da Chapada