Os candidatos que apoiam a causa antiproibicionista, no que tange ao uso de maconha, têm aumentado em todo o país. Precursores como os cariocas André Barros e Renato Cinco, que também disputam a vaga para vereador em 2016, e outros candidatos ocuparam, principalmente, os pleitos para o cargo municipal, com pelo menos 10 candidatos espalhados em seis Estados brasileiros. A atuação desses políticos não seria de interferir na lei sobre drogas (nº 11.343/2006), que é federal, mas “em âmbito municipal, a atuação do vereador pode contemplar a defesa de cultivadores presos injustamente; a promoção de debates públicos sobre o tema; a resistência ao lobby das clínicas terapêuticas; o combate à militarização das guardas municipais”, afirma Mauro Leno, candidato a vereador pelo PSOL, em Curitiba.
“Podemos promover políticas no âmbito da saúde, educação e segurança pública que contribuam para a demonstração efetiva de que é possível realizar outra política de drogas no Brasil”, ressalta Linna Ramos, que concorre ao pleito para vereador pelo PSOL em Salvador, na Bahia. “Em Salvador, onde a maioria da população é negra, é fundamental que a Guarda Municipal não trate a questão do uso da maconha como caso de polícia; que as mulheres encarceradas tenham garantida assessoria jurídica e social para suas famílias; que tenhamos uma política baseada na redução de danos para tratar a população dependente de drogas em situação de rua”, completa a candidata que, junto a Natália Pressuto (PSOL-SP), representa a força das mulheres feministas e antiproibicionistas.
Figura carimbada da Marcha da Maconha de São Paulo, Fernando da Silva, o Profeta Verde, lembra que é importante garantir o suporte ao que já foi conquistado pela luta popular na última década. “Além de projetos novos, devemos fortalecer o que já está sendo feito. Um vereador pode dar suporte à luta local e promover o debate da cultura canábica, fortalecendo, também, a afirmação canábica. Escancarando quem é o maconheiro na sociedade, quebrando estigmas”, afirma o paulistano, que é candidato a vereador pelo PSOL. “A maconha é uma nação. Somos mais de 200 milhões de usuários no mundo. No Brasil, são 8 milhões de pessoas que fazem o uso da planta pelo menos uma vez ao ano. Essa nação precisa ter voz política. Temos que ter dos nossos em todas as esferas de governo”, defende.
Para Dário, candidato à vereança pelo PSOL em Belo Horizonte (MG), é preciso estar atento, ainda, às chances de retrocesso. “Não faltaram oportunistas querendo reverter nossos avanços, pois muitos aproveitam de recursos públicos para fazerem um serviço que não cumpre com os avanços exigidos pelo SUS e usam sistemas doutrinários como tratamento”, afirma, lembrando as comunidades terapêuticas e os criminosos defensores da internação compulsória. André Barros faz coro: “Na Câmara do Rio existe uma comissão antidrogas. Existe um conselho proibicionista do município. Nós também temos que participar do debate passando a nossa visão”, afirma o carioca, um dos primeiros brasileiros a empreitarem uma candidatura explicitamente pró-legalização.
Prova de que as candidaturas canábicas ainda incomodam as forças conservadoras que movem a política brasileira é que tanto Barros quanto Renato Cinco enfrentaram tentativas de rasteira em suas candidaturas. No mês passado, a Procuradoria Regional Eleitoral do Rio pediu abertura de investigação dos candidatos, ambos do PSOL, apontando que as campanhas faziam “apologia ao uso da maconha”. Com informações do Growroom.