Coleções de artes importantes como as do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), do acervo de Arte Popular do Solar Ferrão e do Palacete das Artes farão parte da mostra “Tropicália” até o dia 30 de março, no próprio Palacete, em Salvador. São obras das coleções de instrumentos-esculturas musicais de Walter Smetak, além de obras dos artistas Lenio Braga e Carybé. A mostra é uma iniciativa da Fundação Cultural (Funceb), em parceria com o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) e Fundação Pedro Calmon.
A exposição intitulada ‘Tropicália: Régua e Compasso (A Bahia Cultural Pré-Tropicalista)’ comemora os 50 anos do movimento do tropicalismo incluindo na programação palestras e performances musicais. O cantor e compositor Tom Zé foi a estrela da abertura na última quinta-feira (8) no Palacete. “Os museus e espaços culturais do IPAC estão abertos para exposições que dialoguem com diversas expressões e linguagens artísticas, promovendo a frequência e apropriação pela população baiana e turistas”, afirma o diretor geral do IPAC, João Carlos de Oliveira. A mostra é gratuita e fica aberta no Palacete, das terças às sextas, das 13h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 14h às 19h, na Rua da Graça, nº284.
Vanguarda
O músico, compositor, inventor de instrumentos musicais, escultor, escritor e professor suíço-brasileiro Walter Smetak (1913-1984), também é atração da mostra. “Ele influenciou geração de importantes músicos que participaram do tropicalismo ou foram influenciados por esse movimento artístico-cultural; Smetak fez parte de uma vanguarda na Bahia”, diz João Carlos.
Vinte e dois instrumentos de Smetak são da exibição permanente do Solar Ferrão/IPAC estão na mostra ‘Tropicália’ até março. O IPAC também fez o tombamento provisório do acervo como Patrimônio Cultural da Bahia. “As obras e criações de Walter Smetak têm caráter inovador e criativo, nos materiais e técnicas. Ele influenciou a música brasileira, principalmente o tropicalismo, nos anos 60”, afirma a museóloga do Solar Ferrão, Jorma Souza.
Martim e Lina
A Coleção de Arte Popular do IPAC que fica no Ferrão (Pelourinho) também está na mostra. São 61 peças do Nordeste coletadas entre as décadas de 50 e 60 do século XX pelo diretor teatral pernambucano radicado na Bahia, Martim Gonçalves (1919–1973). “Posteriormente, o acervo foi ampliado pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992)”, completa Jorma. Peças utilitárias e figurativas, carrancas, ex-votos e imaginária integram a coleção. Esculturas em cerâmica, fifós, panelas, potes de barro, brinquedos, utensílios domésticos e objetos reciclados ainda fazem parte.
Já o MAM colaborou com uma obra do artista plástico Lenio Braga e outra de Carybé, que fazem parte do acervo permanente do museu. “Acho muito importante o empréstimo dessas obras, principalmente por Lenio Braga, que teve uma participação ativa na Tropicália”, comemora a diretora do MAM, Ana Liberato. O diretor do Palacete e curador da exposição, Murilo Ribeiro, afirma que o recorte da mostra também reúne informações que servem para o conhecimento das novas gerações.
Lenio Braga (1931-1973) produziu obras artísticas bastante diversificadas na segunda metade dos anos 1950 e na década de 1960, como pintor, desenhista, artista gráfico, escultor, gravador e fotógrafo. Já Hector Julio Paride (1911-1997), conhecido como Carybé, foi pintor, gravador, escultor, ceramista, ilustrador e desenhista argentino, naturalizado brasileiro. Apaixonado pela Bahia, Carybé tornou-se conhecido com suas obras que valorizavam a cultura baiana, os rituais afro-brasileiros, a capoeira, as belezas naturais e arquitetônicas da Bahia. Com informações do Ipac.