Eleições diretas, movimentos sociais nas ruas, jovens ocupando unidades de ensino, e inúmeros atos contra o governo interventor de Michel Temer (PMDB). Esses foram alguns dos pontos reforçados, neste sábado (17), pela militância da corrente interna do PT, Esquerda Popular Socialista (EPS), na Ufba, em Salvador. Com as presenças do ex-governador Jaques Wagner e do sociólogo Emir Sader, os debates foram em torno de ações que fortaleçam a unidade do partido e para que os conceitos que forjaram o PT sejam restabelecidos, com a juventude, negros, mulheres, LGBTs e comunidades tradicionais optando, e participando das construções de políticas públicas. Foi justamente o que pediu o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), membro da EPS e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“Estamos vivendo um momento importante e precisamos lutar para tirar esse estigma de que somos corruptos e que quebramos o país. Pelo contrário! Equilibramos a economia e demos poder de compra para o pobre. Isso mudou o país. E muitas informações não são passadas para a população. Tem até beneficiários de programas sociais que votaram na direita, sem saber que a direita desse país vai acabar com tudo que beneficia pobre. Um grupo de golpistas que foram derrotados nas urnas e agora querem implantar essa política econômica neoliberal derrotada. O povo vai saber dar o troco em 2018, com Lula presidente”, frisa Valmir, ao lado do presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação, do deputado federal Luiz Caetano (PT-BA), e da secretária de Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis.
A EPS recebeu também prefeitos e vereadores de diferentes regiões da Bahia e tratou de ouvir o que Jaques Wagner e Emir Sader tinham a dizer sobre a atual conjuntura política do país. Wagner, por exemplo, destacou que “o partido que quer merecer este nome [de trabalhadores] tem que estar, evidentemente, debatendo internamente as suas teorias, seus caminhos, projeto político, e projeto de futuro”. O ex-ministro do governo Dilma ainda destacou o seminário dos petistas como fundamental para ampliar discussões. “Então, eu como desde o começo do PT sinto que o que falta na vida da democracia são os partidos fortes. Eu acho fundamental para dar minha contribuição e ouvir também a juventude da base, o PT tem que passar por um processo de renovação forte”.
Já Emir Sader, considerado um dos principais intelectuais da esquerda no Brasil, salientou que “bem ou mal, o PT foi o instrumento que tirou o controle do Estado da direita durante um bom tempo, e fez política de inclusão social”. Para Sader, os ataques contra os membros do PT são pelos méritos da sigla e aponta o debate como um caminho de mudança. “As correntes hoje no PT têm muito pouco identidade, a EPS é uma das poucas que tem um perfil claro e posições políticas. Portanto, ela pode resgatar um debate interno, que se depender de outras correntes, eu tenho muita dúvida se ela vai ter conteúdo, quais as perspectivas estratégicas, linhas de interpretação, ou se vai ser, no fundo, uma espécie de disputa de espaço, disputa de cargos. Daí a importância da EPS”, salienta.