Por Alexandra Vieira de Almeida*
No universo infanto-juvenil, a leitura deixou de ser uma necessidade dando lugar assustadoramente aos jogos eletrônicos. As famílias modernas permitiram que a rotina tecnológica na vida dos pequenos ganhasse força e, hoje, enfrentam dificuldades no combate de tal.
As crianças e adolescentes não podem deixar suas vidas sendo guiadas por pequenos aparelhos, como meio de divertimento e prazer. Esse elemento deveria ser secundário e não o fundamental. Com isso, temos uma geração mais cansada e preguiçosa para pensar, pesquisar e refletir.
Por outro lado, a leitura é o eixo que leva os jovens para o espaço do imaginário mais fecundo, revelando uma criatividade muito mais rica e plena do que os videogames. Estes jogos desconcentram as crianças e jovens do hábito da leitura e estudos, pois muitas horas são gastas nesta distração.
Não que eles sejam desnecessários. Com equilíbrio, é possível encaixar tudo na rotina deles. Mas quando eles acabam sendo vitais, fazem com que os mais jovens deixem de lado algo grandioso em suas vidas, a experiência que é ler um livro. Objeto que tem o poder de levá-los para o reino da riqueza imaginativa.
Não podemos negar que os jogos eletrônicos trabalham com o lúdico, brincando também com a imaginação. Porém, a literatura é capaz de ir onde os videogames nunca alcançam. A leitura, por exemplo, permite que cada um crie uma imagem mental da história de maneira diferente. Os jogos já apresentam o que eles querem mostrar, já nos dá algo pronto.
Na hora da escolha, as crianças e adolescentes optam pelo caminho mais fácil, os videogames. Os pais e professores devem ser uma luz, os orientadores que levem os pequenos a trilharem um caminho mais rico em significados, em que a leitura e o que ela pode proporcionar, ou seja, o universo mágico da invenção, da criação, tornando estes seres inventores e desbravadores de mundos possíveis e impossíveis.
Cabe a eles, escolherem uma via mais engrandecedora para suas vidas, o mundo mágico da literatura, que os jogos eletrônicos não comportam em sua inteireza. Somente a literatura revela, mostrando o outro lado do lúdico, que é o questionamento. Ela é capaz de nos fazer pessoas melhores, pensadores melhores e cidadãos melhores.
Portanto, vivamos mais a leitura e menos os videogames. Isso não é um movimento contra a tecnologia e os jogos. Não. Mas um alerta para que esses elementos se tornem secundários e não o principal das vidas de nossos filhos. Que os pais saibam ter equilíbrio com as crianças em relação aos jogos, utilizando-os pela própria arte do jogo e do prazer, algo que descontraia estes pequenos. Portanto, que as nossas crianças possam valorizar mais os momentos de estudos e de leitura.
*Alexandra Vieira de Almeida é escritora e doutora em Literatura Comparada (UERJ)