O deputado baiano Antônio Imbassahy (PSDB) é citado em um bilhete encontrado pela Polícia Federal em posse de um ex-diretor da Camargo Corrêa – empresa investigada na Operação Lava Jato. De acordo com o Jota, o bilhete indica participação em um cartel para construção do Metrô de Salvador, enquanto Imbassahy era prefeito da capital baiana. Apesar disto, o tucano não é investigado pela citação. Ex-diretor da empreiteira, Saulo Thadeu Vasconcelos Catão escreveu: “Rosa/Roberto 1.Gestionar junto ao Baiardi10 para contactar o Pref/SSA para consolidar a desclassificação”. A mensagem aparece em denúncia oferecida pela Procuradoria da República na Bahia contra sete representantes de empreiteiras sob acusação de formação e participação no cartel.
Os procuradores citam a referência a Imbassahy como exemplo de que o grupo de construtoras que atuou para fraudar a licitação recorreu a expedientes espúrios para garantir a desclassificação do consórcio TransBahia, que era a proposta mais barata. “Para a desclassificação da proposta mais barata (a do consórcio TransBahia), foi fundamental a estratégia traçada em 06/07/1999 pelos denunciados ligados ao consórcio METROSAL (fls. 650- 652 e 1420-1422), a respeito de ações a serem adotadas perante a Comissão de Licitação da Prefeitura de Salvador, o que incluía a preparação de um relatório por um certo Renato e a realização de lobby perante o Secretário Municipal Ivan Barbosa, a Comissão de Licitação , a CBTU e a utilização de um “Padrinho””, escreveram os procuradores.
“No relato da reunião, lê-se a seguinte observação do punho de SAULO: “3. Ficar atento aos movimentos políticos locais, evitando surpresas contrárias”. No mesmo documento, há também referências ao então prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy. O documento não deixa dúvidas quanto à utilização de expedientes espúrios para que a Comissão de Licitação confirmasse a desclassificação da IMPREGILO (consórcio TransBahia)”. Segundo os investigadores, provavelmente, a citação Baiardi trata de Renato José Baiardi, ex-presidente da Odebrecht Engenharia e Construção.
A obra do metrô de Salvador é considerada a maior da gestão de Imbassahy na prefeitura da capital baiana. O Tribunal de Contas da União detectou sobrepreço de pelo menos R$ 166 milhões, responsabilizados gestores do governo tucano, além de empresas envolvidas na Lava Jato. O metrô foi inaugurado apenas em 2014, com extensão de 7,5 km, a um custo de mais de R$ 1 bilhão. O contrato da obra foi assinado em 1999 por um consórcio formado pelas empreiteiras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Siemens.
A Camargo Corrêa negocia com a PGR uma nova leva de delações, que deve envolver não só o esquema de corrupção da Petrobras, mas ainda a Operação Castelo de Areia. A ideia dos investigadores seria esclarecer o alcance da corrupção na obra do metrô de Salvador e se ela chegou ao comando político da prefeitura. O deputado foi procurado pela publicação, mas não quis se manifestar. Texto extraído na íntegra do site Bocão News.