A jurista Eliana Calmon, 72 anos, ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça, fez duras críticas à não expansão das investigações da operação Lava Jato para o Poder Judiciário. Em entrevista ao jornal El País, a ex-corregedora nacional de Justiça que protagonizou polêmica em 2011 ao dizer que o Judiciário abrigava “bandidos de toga”, afirmou que o Judiciário foi o único Poder que ficou “à sombra” das investigações.
“A Lava Jato foi um divisor de águas para o país. A partir dela vieram à tona as entranhas do poder brasileiro, e sua relação com a corrupção em todos os níveis de Governo. Mas para que tudo isso fique muito claro, seja passado a limpo de fato, precisa se estender para todos os poderes. Muitos fatos envolvendo o Executivo e o Legislativo vieram à tona, mas o Judiciário ficou na sombra, é o único poder que se safou até agora”, afirmou.
Calmon criticou também a blindagem de Michel Temer a seus ministros acusados de receber propina. “Eu acho que se o Ministério Público com base em fatos incontroversos faz uma reclamação formal contra um ministro, eu entendo que não deveria ser nomeado. Ele [Temer] deu aquela desculpa meio esfarrapada [que afastaria quem fosse denunciado] mas a nação teve que engolir. No final de contas é a mesma situação que ocorreu com o Lula, mas dessa vez em decisão monocrática o ministro Celso de Mello avaliou que ele poderia tomar posse”, afirmou. A redação é do site Brasil 247/Bahia.