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Chapada: Brigadista critica programa de combate a incêndio: “Querem empurrar goela abaixo”

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Homero contesta atuação do programa ‘Bahia Sem Fogo’ e volta a criticar a falta de planejamento para o combate aos focos de incêndios na região da Chapada | FOTO: Montagem do JC/Divulgação |

O presidente dos Combatentes de Incêndios Florestais de Andaraí (Cifa), Homero Vieira, procurou o Jornal da Chapada indignado com as informações publicadas pelo governo da Bahia sobre o Programa ‘Bahia Sem Fogo’, que atua contra os focos na região da Chapada Diamantina. De acordo com Vieira, a situação requer planejamento e um plano de ação para que evite mais destruição da fauna e da flora da Chapada. Atualmente há combates em diferentes municípios, como Rio de Contas (controlado e com monitoramento), Ibiocara (controlado), Barra da Estiva (com três focos em monitoramento depois de longo combate da brigada ‘Os Guerreiros BVCIF’), Lençóis (brigada Anjos da Chapada combate incêndio sem nenhum apoio há uma semana), Morro do Chapéu (monitoramento), além de área entre os municípios de Andaraí, Mucugê e Andaraí, na trilha do Vale do Pati – Serra do Esbarrancado (rescaldo e monitoramento), uma das mais procuradas da região.

“Querem de qualquer forma empurrar o ‘Bahia Sem Fogo’ goela abaixo. A gerência dos incêndios por esse programa nos últimos anos tem sido catastrófica para a Chapada Diamantina. A falta de preparo e conhecimento de causa são devastadores para a nossa flora, fauna e nascentes. Este último incêndio em Rio de Contas é um exemplo de má gestão dos incêndios. Na região temos Piatã e Abaíra que possuem excelentes brigadas, mas não foram acionadas de pronto. Além de várias outras brigadas que desde o início se colocaram à disposição”, dispara Homero. De acordo com o brigadista “quando acontece um incêndio é fundamental uma avaliação precisa para se estabelecer uma estratégia”.

Área devastada pelo fogo entre os municípios de Morro do Chapéu e Bonito, na região da Chapada Diamantina | FOTO: Jaime Neto |

Vieira afirma que essas diretrizes simples não são seguidas o que deixa o combate sem organização e com gastos elevados. “Parece que não fazem uma avaliação antes, pois os incêndios sempre tomam proporções maiores após a sua identificação. E os primeiros combates são realizados tardios. Vão experimentando, colocam 10 brigadistas hoje e depois mais 10, amanhã, depois mais cinco. Ou seja, o despreparo e a falta de conhecimento é evidente. Só lamento pelas perdas ambientais – que nossa Chapada vem sofrendo pela arrogância e prepotência”, completa.

O brigadista de Andaraí não poupou críticas ao governo da Bahia e disse que o programa “tem sido um desastre na gerência de incêndios florestais”. “A eficiência de um combate será sempre proporcional ao tempo de identificação, mobilização e ação planejada. Eles contam tanta vantagem e até hoje não foram capazes de elaborar o básico; um plano de ação integrado. Senhor governador tenha piedade da Chapada e devolva a gerência dos incêndios florestais para a Defesa Civil”. Para Vieira, a única coisa que mudou foi a vinda de uma aeronave. “O que é bom, mas uma grande parte das brigadas e brigadistas não dispõem sequer equipamentos para o combate inicial”.

Homero diz que para se ter uma visão real do caos instalado pelo ‘Bahia Sem Fogo’, basta buscar as ocorrências de incêndios na Chapada antes e depois do programa. “Da forma que está, vamos ver a Chapada virar cinzas! Neste ritmo, até o final do ano, não teremos mais incêndios florestais, pois só nos restará cinzas. Se a Defesa Civil assumir, acredito que teremos mais eficiência nos combates, pois são conhecedores da causa. Eu estou avisando desde 2015 e nada foi feito. Tenho medo quando esse povo fala que o fogo está controlado, da última vez que falaram isso o fogo ficou ainda duas semanas”, finaliza.

Jornal da Chapada

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