Pessoas com deficiência, indígenas, afrodescendentes, idosos, público LGBT e adeptos de religiões de matriz africana. Diferentes grupos sociais dividiram o mesmo espaço na tarde desta segunda-feira (15), durante o lançamento do edital ‘Bahia na Tela’. Com inscrições abertas até 17 de julho, o edital incentiva e abre espaço para a produção de conteúdos audiovisuais inéditos, com destaque para a pluralidade de temas.
Para o coordenador-geral do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoib), Kâhu Pataxó, o edital garante a oportunidade de ruptura de conceitos estabelecidos no passado e que perduram até os dias de hoje. “Vamos conseguir mostrar para a sociedade o que é ser indígena, quebrando um pouco aquela ideia de que o índio é aquele que usa o cocar na cabeça e que mora na oca. Não é assim. A gente sente a necessidade de mostrar que o índio também pode ser aquele que mora na cidade, que tem a casa de alvenaria, sem deixar de ser índio”, afirma.
O ‘Bahia na Tela’ também abre espaço para diálogos pouco convencionais. No caso das drag queens, o isolamento é um fator que preocupa, mas que pode ser enfrentado. “Acho o edital importante, principalmente para dar visibilidade à classe artística das drag queens. Muitas vezes, somos esquecidas, deixadas de lado, vivendo à margem da sociedade. Ao abraçar todas as classes, esse edital dá uma visibilidade muito maior na cena soteropolitana, para mostrar o que somos e do que somos capazes”, destaca Valerie O’hara, representante das drag queens.
Ainda segundo O’hara, o preconceito também pode ser combatido com a ajuda de produções audiovisuais. “Quanto mais a gente falar o que somos, melhor para a sociedade como um todo. A divulgação do conhecimento é uma das maneiras de se evitar o preconceito. Drag queen trabalha com a imagem. As pessoas veem em mim o que posso transmitir para elas. Representamos a alegria, a diversidade”, explica.
A publicação do edital é resultado da captação do montante de R$ 20 milhões – maior volume de recursos em um único edital já conseguido junto à Agência Nacional de Cinema (Ancine) – para a produção de conteúdos audiovisuais inéditos sobre a Bahia e que serão exibidos na TVE. O Governo do Estado dará contrapartida no valor de R$ 820 mil, enquanto o restante será aportado pelo Fundo Setorial do Audiovisual.
Os conteúdos produzidos podem envolver temas relativos a esportes, juventude, educação, mulheres, terceira idade, indígenas, afrodescendentes, agroecologia, turismo, LGBT, empreendedorismo, religiosidade, agricultura familiar, patrimônio e cultura regional. Os selecionados firmarão contrato para receber do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb) o valor correspondente ao pré-licenciamento para exibição da obra na TVE. O edital estará disponível a partir desta terça (16), no site do Irdeb.