Os assassinatos de duas lideranças quilombolas na Bahia, em menos de uma semana, indignaram o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), que lamentou os crimes e cobrou punição aos responsáveis. Para Assunção, depois do impedimento da presidente Dilma, o país assistiu um avanço das forças reacionários do campo contra trabalhadores rurais, inclusive com ações que beneficiam a grilagem de terras – como a Medida Provisória (MP 759/16), que trata da regularização fundiária, considerada como o ‘AI-5 da reforma agrária’.
“Não podemos aceitar uma situação dessa, os trabalhadores rurais estão morrendo por lutar por terra, um direito seu. A violência no campo já vitimou mais de 50 somente no ano passado. No relatório sobre os conflitos no campo de 2016, divulgado este ano pela CPT [Comissão Pastoral da Terra], 19 territórios quilombolas na Bahia foram identificados como sendo de disputa de terras”.
No primeiro caso, ocorrido na semana passada, o trabalhador rural assassinado foi o líder quilombola, José Raimundo Mota de Souza, de 36 anos. Ele foi morto em Antônio Gonçalves. Souza presidia a associação de trabalhadores quilombolas no Território Quilombola Jiboia. Já o segundo caso aconteceu no município de Lençóis, na Chapada Diamantina, na comunidade de Iúna.
O trabalhador rural quilombola Lindomar Fernandes Martins, de 37 anos, foi morto a tiros na madrugada do último domingo (16). “De acordo com informações do Incra na Bahia, o órgão já havia dado início ao processo de regularização fundiária da comunidade de Iúna”, salienta Valmir. O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) está pronto e será apresentado ao Comitê de Decisão Regional da instituição.