A denúncia contra a deputada Shéridan de Anchieta (PSDB-RR) por suposta compra de votos ao seu ex-marido, o ex-governador José Anchieta Júnior, foi baseada em um áudio gravado por eleitores da cidade de Boa Vista. A parlamentar, que à época era primeira-dama de Roraima e Secretária de Promoção Humana, oferecia um par de óculos em troca do sufrágio dos moradores do bairro de Pintolândia, cujas ruas sequer são totalmente asfaltadas. A deputada Shéridan é relatora da PEC da reforma política em comissão especial.
De acordo com a fala da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, Sheridan, em companhia de uma assessora, visitou o bairro e ofereceu à eleitora Érika Gaia inscrição no programa governamental denominado ‘Vale Solidário’, e ao eleitor Ronivaldo Chagas o pagamento de multas de trânsito, entregando-lhe R$200 por interposta pessoa.
Os áudios da visita foram entregues pela própria eleitora, que representou contra a deputada. A perícia sobre os áudios, que concluiu pela ‘inexistência de características de edição e natureza fraudulenta’, mostra que, durante a visita, a então primeira-dama e sua assessora prometendo um par de óculos que levaria ‘uns 15 dias para ficar pronto’ em troca de votos para ‘o Anchieta’.
“O contexto é retomado e F2 (Shéridan) diz que F1 [eleitora] deve ‘votar no Anchieta’ e que demoraria 15 dias para ficar pronto, que isto não ocorreria antes da eleição, que voltaria para fazer ‘cumprir’ e que o vale – Vale Solidário, programa governamental de Roraima – continuaria no ‘nosso mandato’, revela o relatório da perícia.
“A denunciada era capaz à época dos fatos, possuía consciência da ilicitude e dela se exigia conduta diversa, encontrando-se caracterizada a autoria e materialidade delitivas”, escreveu Raquel Dodge, ao oferecer a acusação contra Shéridan. Segundo a procuradora-geral da República, ‘mesmo sob justificativas diversas’, Shéridan ‘reconheceu os fatos que lhe são imputados’. Jornal da Chapada com informações de Política Livre.