Após quatro meses de ter recebido da Justiça Federal as investigações sobre Geddel Vieira Lima, preso no complexo penitenciário da Papuda, em Brasília, o Supremo Tribunal Federal (STF) teve acesso às malas que armazenavam R$ 51 milhões e que foram encontradas em um bunker, em Salvador, atribuído ao ex-ministro baiano. As nove malas, vazias, foram entregues pela Polícia Federal ao STF na quarta-feira última (24). A informação foi confirmada pela assessoria do Supremo na última sexta (26).
As caixas e malas de dinheiro encontradas pela PF no dia 5 de setembro do ano passado estavam em um imóvel que fica na Rua Barão de Loreto, no bairro da Graça, área nobre da capital baiana. De acordo com a polícia, à época, os valores apreendidos foram transportados a um banco, onde o dinheiro foi contabilizado por sete máquinas, e depositado em conta judicial. O apartamento teria sido emprestado ao ex-ministro para que guardasse os pertences do seu pai, já falecido. Durante as investigações sobre Geddel, surgiu a suspeita de que ele estava usando o local para esconder provas de atos ilícitos e dinheiro em espécie.
STF
Em setembro de 2017, o juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, remeteu ao Supremo Tribunal Federal as investigações sobre o ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso no complexo penitenciário da Papuda, em Brasília. O motivo da transferência do caso para o Supremo são os indícios encontrados nas investigações em relação ao irmão de Geddel, Lúcio Vieira Lima, que, na condição de deputado federal, tem foro privilegiado no STF.
A decisão atende a um pedido da Polícia Federal, que apreendeu uma nota fiscal de uma funcionária do deputado no apartamento onde estavam escondidos em malas e caixas R$ 51 milhões em espécie – a maior apreensão de dinheiro vivo da história da Polícia Federal. Segundo a PF, o apartamento foi emprestado a Lúcio Vieira Lima e era usado por Geddel. Agentes encontraram impressões digitais do ex-ministro nas malas de dinheiro.
O juiz Vallisney de Oliveira encaminhou o caso ao ministro Luís Edson Fachin e afirmou que, embora não existam indícios contra o deputado em fatos anteriores à apreensão do dinheiro em espécie no apartamento, é preciso aprofundar as investigações – por isso encaminhou as investigações ao STF. Vallisney de Oliveira reproduziu o entendimento da Polícia Federal, que vê indício de lavagem de dinheiro por parte do deputado.
Segundo o texto da decisão, “não se pode excluir de plano a participação de Lúcio Vieira Lima no ilícito de lavagem de dinheiro, e considerando o encontro fortuito de indícios acerca do local utilizado para a guarda de dinheiro em espécie que apontam para eventual ligação com o parlamentar, parece-nos mais adequado, neste momento, a remessa dos autos à Egrégia Corte para apreciação de sua competência para investigar”. As informações são do G1BA.