Um dos principais defensores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara de Salvador, o vereador Luiz Carlos Suíca (PT) elevou o tom sobre as eleições presidenciais de 2018. Nesta quinta-feira (15), durante Encontro Internacional Parlamentar, o edil líder do PT na Casa disse acreditar que Lula ainda será presidente. “A maioria do PT não trabalha com hipótese de plano B. Nosso candidato é Lula, não temos outra alternativa. Não que em outro partido aliado historicamente não tenha quadros. Mas o PT tem condições e serviços prestados à sociedade para reivindicar essa vaga na disputa”.
Sobre as declarações do governador Rui Costa – de que o PT deveria pensar em uma alternativa caso Lula fosse preso, Suíca disse respeitar a opinião do chefe do Executivo baiano, no entanto, discorda dele e reafirma a posição a favor de Lula. Suíca também disse que será “doloroso” e “muito difícil” digerir o “golpe parlamentar contra a presidente Dilma”.
“Acredito na inocência de Lula, e respeito a opinião do governador Rui Costa. Cada um tem sua opinião, eu tenho a minha e gostaria que fosse respeitada também. Acho muito difícil, na história recente do Brasil, ou daqui a 100, 200 anos, alguém virar a página do impeachment no Brasil. Que foi um impeachment de uma presidente que não tem ‘culpa no cartório’, não fez nada que desabonasse sua conduta. Então a gente sabe que o impeachment foi e será sempre considerado como um golpe parlamentar. Não podemos considerar um golpe de estado, mas sim parlamentar, na sutileza do seu vizinho, como o vice-presidente Michel Temer [MDB], que estava ali com seu partido há 12 anos com o Partido dos Trabalhadores”, descreve Suíca com exclusividade ao Jornal da Chapada.
O edil petista diz ainda que essa traição de Michel Temer com a presidente Dilma “jamais será esquecida pelo povo brasileiro e vai virar tema na faculdade, nas escolas. Talvez um dia entre até na grade curricular”. Sobre buscar um segundo nome para a disputa presidencial, Suíca foi categórico: “Tentar buscar um outro nome para a disputa das eleições de 2018 que não seja Lula, eu, enquanto petista, enquanto fruto das políticas públicas realizadas pelo presidente não vejo essa possibilidade. Tem gente que é pessimista, e diz que é iminente a prisão de Lula. Eu acredito na inocência dele, acredito que Lula não será preso, então sou otimista e esperançoso”.
“Acho que tudo que se alcançou no Brasil e principalmente com o presidente Lula, isso tem que ser revisto. Porque o próprio Michel Temer, que é o presidente da República, já é réu em três processos. Comprovado que recebeu dinheiro, desviou. Assessores foram presos, o Supremo investiga. Esse sim merece ir para a cadeia. Não é o presidente Lula. Se alguém provasse qualquer caso do triplex, que pelo quê ele está sendo condenado, mas não é o caso”, considera o vereador Suíca.
Assassinato da vereadora
O líder do PT na Casa Legislativa da capital baiana ainda comentou sobre o assassinato brutal da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (Psol). Segundo Suíca, a realidade carioca não é muito diferente da baiana e descreveu que a mesma luta que Franco fazia no Rio ele faz em Salvador. “É preciso retornar, isso sim, com as políticas públicas criadas pelo governo do PT, que estão sendo atacadas, que foram alvo de ódio de uma classe conservadora, por não gostar ver filho de preto, pobre, na universidade crescendo. Essas políticas públicas permitiram isso. E é muito triste o que aconteceu com a vereadora no Rio de Janeiro. Eu estou estarrecido e assustado também”.
“O que ela fazia lá, de combate à violência à juventude negra, nós fazemos aqui em Salvador. Nós denunciamos, fazemos enfrentamento e isso pode acontecer, não só com o vereador, mas também com qualquer um que faça isso. É uma realidade muito próxima. Não estamos livres dessas coisas. Muitas pessoas ficam com ódio, porque quando a gente vai à delegacia tirar um jovem negro, vai lá e denuncia a violência que acontece no Nordeste, no Pernambués, nas Barreiras”, complementa.
Para Suíca é preciso mudanças estruturais na sociedade e que as políticas públicas devem estar de acordo com as necessidades do povo pobre e comenta sobre a segurança pública. “Não precisamos lógico, de uma polícia que chegue pedindo perdão ou desculpa a ninguém. Mas precisamos de políticas públicas para evitar que a nossa juventude possa ir, verdadeiramente, para os descaminhos. Precisamos nas eleições de 2018, não eleger somente indivíduos, mas projetos para a sociedade. Porque no momento que você consegue colocar jovens pretos e pretas na universidade, você lógico investe valores e ajuda a fortalecer a luta por renovação, apostando em projetos políticos que possam dar muito mais inclusão à nossa juventude”.
Vitor Fernandes para o Jornal da Chapada
Vídeo completo da passagem de Lula pela Alba