Quando alguém ouve falar em Chapada Diamantina pensa logo em turismo de aventura, a região é considerada um dos melhores lugares do mundo para este tipo de passeio. Mas as agroindústrias também têm mirado a Chapada e planejam torná-la um polo de alimentos orgânicos. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE), cinco empreendimentos estão em implantação e juntos somam investimentos na ordem de R$ 2,15 bilhões.
Um exemplo é a Bioenergia Orgânicos, instalada em Lençóis. Na sua primeira fase, investiu R$ 40 milhões em pesquisa e no cultivo de oito frutos (abacaxi, acerola, manga, maracujá, limão, umbu, banana e goiaba). Na fase de industrialização, que está prevista para 2019, serão investidos mais R$ 60 milhões.
“Nós entendemos que o alimento orgânico é o futuro, por isso, investimos no negócio. A Bahia foi escolhida após uma pesquisa entre três estados do Nordeste e a Chapada foi a que melhor se adequou ao projeto que inclui sustentabilidade, respeito ao meio ambiente e inclusão social. Há sete anos mantemos uma parceria com a Embrapa para encontrar a fruteira adequada para o clima da região”, afirma Osvaldo Araújo, um dos sócios-proprietários da Bioenergia.
De acordo com Araújo, a fábrica vai extrair a polpa integral do fruto que será envazado em embalagens adequadas de 200 litros que poderão ser armazenadas sem refrigeração por até 2 anos, dependendo da fruta, e serão vendidas para o mercado nacional e externo. A Bioenergia já é certificada pelo Instituto Bio-Dinâmico (IBD) que permite a comercialização dos produtos para o Brasil, a comunidade européia, Estados Unidos e Canadá.
Quando a unidade industrial estiver funcionando na sua capacidade máxima, em três turnos, serão gerados em torno de 2 mil empregos diretos. “Nosso objetivo é implantar uma MZP [Macro Zona de Produção], com unidades próprias de cultivo, parceiros produtivos de agricultura familiar e grupos quilombolas. Vamos fornecer mudas, composto orgânico, monitorar a produção e garantiremos, via contrato, a compra de 100%. Em contrapartida, o parceiro terá o compromisso de vender no mínimo de 50% da sua produção”, explica Araújo.
“Uma equipe técnica da SDE percorreu recentemente os municípios de Lençóis, Mucugê, Morro do Chapéu, Ourolândia, Várzea Nova e Jacobina, para acompanhar de perto as obras e o desenvolvimento destes negócios na Chapada, oferecendo todo suporte necessário para a efetivação pactuada nos protocolos de intenções com o Governo da Bahia. São os investimentos saindo do papel e gerando emprego e renda para o baiano”, afirma Luiza Maia, secretária de Desenvolvimento Econômico.
Ventos e Turismo
E se o turismo é uma vocação da região, o projeto PIVOT 30, implantado pela Fazenda Progresso, está alinhando industrialização e diversão em Mucugê, com a produção de vinhos, espumantes, geleias e sucos. O investimento previsto é de R$ 50 milhões e a previsão de operação é 2021. O complexo vai integrar a produção das bebidas ao turismo e contará com visita guiada, hotel e restaurante. Segundo o produtor e administrador, Fabiano Borré, a ideia de aliar o turismo ao vinho, vem exatamente do interesse que a bebida desperta.
“Geralmente onde existe a produção, o enoturismo está presente, justamente porque as pessoas se sentem atraídas para conhecer o vinho e a origem, além de desfrutar de alguma experiência diferenciada na região. A Chapada Diamantina já possui um turismo muito consolidado, então acredito que o projeto vai tornar a região ainda mais atrativa. Além de contribuir com o desenvolvimento cultural da região e promover uma interação maior com a sociedade e o comércio local”, afirma.
Borré acrescenta dizendo que o projeto PIVOT 30 é o mais arrojado que a sua família já se envolveu. “De fato ser pioneiro em algo tão complexo quanto a cultura e preparo do vinho é mais desafiador do que qualquer um dos outros negócios que nós já tivemos. Mas de certa forma isso acaba contribuindo para elevar nossos padrões de negócios, governança e gestão familiar. Acreditamos muito no potencial que a Chapada tem a oferecer. Esse projeto, em especial, pode nas próximas décadas vir a contribuir não só para nossa empresa mas para região como um todo”, finaliza.
Os complexos eólicos que há alguns anos vêm mudando a paisagem do interior baiano, com seus imponentes aerogeradores, ainda são responsáveis pelos maiores investimentos na região. A EDP Energias Renováveis investiu aproximadamente R$ 1 bilhão na construção do Complexo Babilônia, que tem um total de 65 aerogeradores e geração de 142,8 MW. Os parques eólicos Babilônia I a V ocupam os municípios de Ourolândia, Morro do Chapéu e Várzea Nova. O empreendimento aguarda a autorização da Chesf para iniciar a fase de testes e a liberação da Licença de Operação pelo Inema para começar a operar comercialmente ainda este ano.
O Complexo Morro do Chapéu Sul entrou em operação comercial no mês passado, no município que leva o mesmo nome. A Enel Green Power investiu mais de R$ 1 bilhão na construção dos seis parques eólicos: Ventos de Santa Esperança (28 MW), Ventos de Santa Dulce (28 MW), Ventos de São Mário (30 MW), Ventos de São Paulo (28 MW), Ventos de São Abraão (28 MW) e Boa Vista (30 MW). Juntos somam 86 aerogeradores e possuem umas das melhores médias mundiais em potencial energético. A Enel possui 78 MW contratados no último leilão e a intenção é contratar mais 172 MW no próximo do dia 31 de agosto.
Implantada em 2015, a Torres Eólicas do Nordeste vai ampliar sua fábrica em Jacobina. A previsão de investimento é de mais de R$ 6 milhões, com a criação de 40 novos postos de trabalho. A empresa, que produz uma média de cinco torres por semana, já investiu aproximadamente R$ 100 milhões e gera 461 empregos.