Baiana, a Obrigado, produtora de água de coco 100% natural, no litoral norte, acaba de receber a certificação B Corp e passa a fazer parte de uma rede global de empresas e organizações que associam crescimento econômico à promoção do bem-estar social e ambiental. Entre os principais fatores que levaram a marca a obter o certificado foi a preservação da Mata Atlântica na maioria de suas fazendas de coco, parceria com as comunidades locais para desenvolvimento da região, a criação do Instituto Gente, que apoia projetos culturais e educacionais da comunidade de Pedra Grande, no Conde (BA), e o foco em uma produção com resíduo zero.
De acordo com o presidente da companhia, Roberto Lessa, a Obrigado é a primeira empresa de coco no mundo a conquistar a certificação B Corp. “Criamos a mentalidade de, antes de produzir coco, produzimos orgulho em quem produz. Nossos aristas, funcionários que ficam responsáveis por duas glebas de plantio, são apaixonados pelo que fazem”, afirma Lessa. Ele diz mais: “Nosso primeiro projeto, antes mesmo de produzir a primeira garrafinha de água de coco, foi criar a escola. Depois, pensamos em como tratar o resíduo, a casca do coco, e produzimos a biomanta. Agora, nosso desafio é como tratar a nova geração”, completa.
A Obrigado emprega 630 pessoas e 95% da sua mão de obra são moradores da região. Quando somados os empregos indiretos, o total chega a 1,2 mil empregos. São 7 mil hectares de fazenda, com 300 mil coqueiros plantados e monitorados por chips. Sendo 30% de plantio e 70% de áreas conservadas – maior RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) da região para manutenção da flora e da fauna. Com produtos 100% naturais, sem uso de conservantes, a colheita do mês de agosto fechou com aproximadamente 1,4 milhão de frutos. Por dia, cerca de 10 caminhões saem das fazendas para a fábrica.
“É muito importante constatar que uma empresa como a Obrigado, além do investimento feito no interior do estado e a geração de emprego e renda, tem uma preocupação social como estratégia de negócio. Não cuida apenas da sua produção, mas da sustentabilidade do meio ambiente onde está implantada e das pessoas que estão a sua volta. Um modelo de empreendimento consciente que precisa ser adotado nas mais diversas e longínquas regiões da Bahia, industrializado o interior, mas, acima de tudo, adequando progresso ao bem estar da população mais necessitada”, afirma secretaria de Desenvolvimento Econômico, Luiza Maia.
Projetos sociais
O Instituto Gente atende 150 alunos da Comunidade de Pedra Grande (cerca de 60 famílias na localidade), ministra aulas de educação infantil, do pré 1 ao 5° ano, na Escola Castro Alves, com aulas de música e de capoeira. Há também a preocupação com a capacitação profissional dos funcionários das fazendas de coco.
“Os aristas têm amor pelas áreas deles, pois são nossos sócios. Temos a Escola do Arista, onde eles dão aula para os colegas de trabalho e vem gente até da Embrapa assistir as aulas. Essa capacitação gera vantagem competitiva e nosso sonho é que o Instituto Gente se torne uma escola profissionalizante”, afirma Adriano Meyer, Diretor de Pessoas, Organização e Governança da Obrigado.
Meyer explica que a reserva legal é o maior orgulho da companhia, que tem projeto para expandir a planta de produção no Conde. “Mas tudo isto só vale a pena se pudermos gerar essa interação com a comunidade. Nosso sonho é que isto aqui vire um polo agregador da indústria, atraindo outros personagens da cadeia produtiva do coco, como criação de abelhas que ajuda a polinizar e aumentar a produção do coco e ainda produz mel”, diz o diretor.
Movimento B Corp
O movimento B Corp começou em 2006, nos Estados Unidos, liderado pelo B Lab. A organização sem fins lucrativos reúne empresas convictas de que, por meio de produtos, práticas e lucros, é possível gerar desenvolvimento socioambiental, além do econômico. Para ser classificada como uma empresa B – “Benéfica”, a companhia é voluntariamente avaliada pela organização sem fins lucrativos B Lab (EUA) em mais de 180 fatores, que abrangem desde análise dos prédios corporativos – o quanto são ecologicamente corretos -, a forma como os colaboradores são tratados, até a transparência apresentada no relatório corporativo.
Para fazer parte deste grupo é necessário uma pontuação mínima de 80 pontos de um total de 200. A finalidade do movimento é criar uma mudança de forma que as empresas não irão competir apenas para serem as melhores no mundo, mas as melhores para o mundo. A B Corporation utiliza o poder do negócio para resolver problemas sociais e ambientais. Para isso, acreditam ser essencial medir o que mais importa para a geração de valor para os seus clientes, funcionários, comunidade e meio ambiente. Acreditam que na próxima geração, todas as empresas vão medir e gerenciar seu impacto da mesma maneira que fazem hoje estudos de rentabilidade.