Faltam poucos dias para o jazz se transformar na trilha sonora oficial da Vila do Capão, distrito de Caeté-Açú, localizado no município de Palmeiras, a 440 km de Salvador. Durante dois dias, 21 e 22 de setembro, oito atrações da Bahia, do Brasil e do exterior fazem shows, sempre a partir das 20h, no Festival de Jazz do Capão. O público também pode conferir workshops com alguns dos artistas que participam das apresentações. Toda a programação do evento, que chega a sua 7ª edição, é gratuita. O projeto conta com o apoio financeiro do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura. A realização é da Cambuí Produções e a produção da Gil e Canella Produções.
Em contagem regressiva, os artistas já anunciaram um pouco do que pretendem apresentar ao público no evento, que costuma lotar as pousadas e campings do Vale do Capão. O primeiro a subir ao palco, no dia 21, será Stefano Cortese, com seu Trio e convidados, que já é veterano, mas não esconde a expectativa em relação aos espetáculos: “Viverei, mais uma vez, uma dupla emoção: de um lado, como cidadão do Capão, onde moro há 10 anos, e de outro como músico”, resumiu o artista, que pretende apresentar um repertório de músicas autorais, com influências do jazz, da música do mediterrâneo e da música brasileira, além de homenagear compositores brasileiros em seus solos de piano.
A segunda atração, o guitarrista, violonista, arranjador, compositor e produtor baiano Paulo Mutti, tem um motivo extra para desejar que o Festival chegue logo. É que o artista vai aproveitar a ocasião para lançar seu primeiro disco. “Não vejo a hora de estar neste lugar mágico, na companhia de grandes amigos, de pôr os pés no palco, partilhar e receber energia boa do público mais que especial que acompanha com carinho o Festival”, destacou. Além de sucessos do seu primeiro disco, o artista fará releituras de sucessos da Música Popular Brasileira (MPB) em formato de Trio, juntamente com Alexandre Vieira (Baixo Acústico) e Ivan Huol (Bateria). “Contarei especialmente com a participação mais que especial de Rowney Scott no Sax Tenor. Juntos, viveremos a música em sua plenitude”, completou.
Para o baixista Filipe Moreno, que se apresentará ao lado do guitarrista Tarcísio Santos, a expectativa também é a melhor possível. “Recebi excelentes referências sobre o Festival. Conheço a Chapada, mas o Capão ainda não. Sei que o lugar é renovador e repleto de bons fluidos”, comentou o artista que prometeu tocar composições autorais, regionais e populares que fazem parte da trajetória musical dos dois artistas. Filipe e Tarcísio são amigos e parceiros musicais de longa data. Juntos no Festival, eles farão a releitura “surpresa” de uma canção bastante conhecida.
No encerramento da primeira noite do Festival, o Conexão Berlin, da Alemanha, apresenta uma mistura de composições próprias com clássicos da música instrumental brasileira, a exemplo de “Pipoca”, de Hermeto Pascoal, e de “Rio Amazonas”, de Dori Caymmi. De acordo com o percussionista líder da banda, Andreas Weiser, trazer o grupo para se apresentar no Brasil pela primeira vez é a realização de um sonho. “E o Festival de Jazz do Capão é o momento perfeito para começar essa viagem artística, pois é no sertão baiano que mora a alma brasileira”, frisou. Formado por experientes músicos da cena jazzística da capital alemã, o grupo tem fortes conexões com a música latina e a música instrumental brasileira.
Os músicos que se apresentam na segunda noite do Festival também estão em contagem regressiva. A guitarrista e compositora baiana Jessica Kaline, por exemplo, não vê a hora de mostrar todo o talento do seu quarteto. “A programação do Festival está maravilhosa! Não tenho dúvida de que será uma excelente oportunidade de mostrar um pouco do meu trabalho e, ao mesmo tempo, apreciar os shows de artistas que admiro, além de conhecer outros”, disse a estudante do Curso de Música Popular da UFBA. Para o repertório, ela optou por músicas que contemplassem um pouco da sua história na guitarra, passando pelo rock, fusion e brasileiras. “Será uma experiência incrível”, acredita.
Homenagem
Após a apresentação de Jessica, quem se apresenta no último dia (22) do Festival de Jazz do Capão é Eric Assmar Trio, que fará um show em “Tributo a Álvaro Assmar”. “Já consigo imaginar um momento incrível, de encontros entre artistas com trabalhos muito consistentes, de compartilhamento de boas energias musicais em um cenário incrível e inspirador. O Festival tem a capacidade de promover esses raros encontros e, particularmente, estou muito honrado em poder fazer parte dessa edição, levando ao público uma homenagem ao nosso saudoso Álvaro”, declarou. O repertório fará um passeio pela discografia de Álvaro Assmar, em releituras preparadas especialmente para a ocasião.
“A homenagem vem sendo preparada com todo o cuidado e carinho. Meus companheiros Rafael Zumaeta (Baixo) e Thiago Brandão (Bateria/vocais), que me acompanham no Eric Assmar Trio, também foram músicos de apoio de Álvaro por diversas ocasiões (…). Todos eram meio como “filhos” também para o próprio Álvaro, então há muita entrega e amor envolvidos. Apresentaremos um formato de show inédito, com algumas ótimas surpresas para o público”, contou Eric Assmar, considerado o maior expoente da nova geração de guitarristas de Blues na Bahia. Seu pai e mentor, Álvaro Assmar, homenageado no Festival e um dos maiores nomes do Blues no Brasil, faleceu precocemente no fim do ano passado.
Também no sábado (22), o público irá conferir o talento improvisador do saxofonista e flautista baiano Joander Cruz. Radicado na Alemanha há alguns anos, onde recentemente concluiu o Mestrado em Jazz Performance na Universidade de Mannheim, esse jovem natural de Itapetinga rapidamente explodiu na cena da música instrumental baiana, com performances e gravações com a Orkestra Rumpilezz e Mou Brasil Quinteto. Agora, ganha o mundo, apresentando-se com grandes nomes do Jazz alemão e gravando o seu primeiro EP.
Para fechar a 7ª edição do Festival, Dani e Debora Gurgel Quarteto faz um mergulho brasileiro no jazz contemporâneo com uma fusão de ritmos modernos e tradicionais, harmonias elaboradas e constante improvisação. O quarteto tem cinco discos gravados e uma carreira internacional consolidada no Japão e na Europa. Liderado por mulheres, mãe e filha, o grupo traz uma união forte e inseparável entre a música instrumental e cuidadosas palavras. “Não conheço o Capão, mas as fotos e depoimentos que recebi sobre este lugar encantado me deixaram muito animada. Além disso, no ano passado, estive em Salvador e pude conviver com alguns dos músicos que estarão no Festival. A experiência foi maravilhosa e tenho certeza de que no Capão a troca de ideias e experiências com eles e, sobretudo, com o público, será ainda mais rica. Estou contando as horas”, afirma a pianista Débora Gurgel.
Workshops
Além dos shows, nos dois dias de evento, sexta e sábado, serão realizados workshops, às 14 e às 16 horas, no Circo do Capão. Os temas são “Composição brasileira” (Debora Gurgel); “Sax e improvisação” (Joander Cruz), “A cena da música instrumental em Berlim” (Conexão Berlin) e “Baixo elétrico” (Filipe Moreno). A programação do evento, que prima pela qualidade artística, inclui a realização de uma campanha ambiental que envolve ações de coleta seletiva e também o incentivo à carona solidária. O objetivo dos organizadores com a ação é reduzir o impacto ambiental do projeto ao menor nível possível.
“O público cativo do festival, de energia sempre tranquila, certamente vai se encantar com os artistas convidados para esta edição. Muitos turistas já fizeram reservas nas pousadas locais, mas gosto de destacar que a intenção do festival é levar música de qualidade também à comunidade local, que tem a oportunidade de presenciar e assistir ao vivo artistas que, sem o projeto, talvez nunca fossem ao Capão”, afirma o músico Rowney Scott, curador e diretor artístico do Festival. As informações são de assessoria.
PROGRAMAÇÃO FESTIVAL DE JAZZ DO CAPÃO 2018
Sexta-feira, dia 21/09
Shows – Praça Principal do Vale do Capão – a partir das 20h.
Atrações: Mostra Capão com Stefano Cortese Trio e convidados, Paulo Mutti, Filipe Moreno e Tarcísio Santos, e Conexão Berlin (Alemanha).
Workshops – Circo do Capão.
14h – Composição Brasileira (Debora Gurgel).
16h – Sax e Improvisação (Joander Cruz).
Sábado, dia 22/09
Shows– Praça Principal do Vale do Capão – a partir das 20h.
Atrações: Mostra EMUS/UFBA com Jessica Kaline Quarteto, Eric Assmar Trio, Joander Cruz, Dani e Debora Gurgel Quarteto.
Workshops – Circo do Capão.
14h – A cena da música instrumental em Berlim (Conexão Berlin)
16h – Baixo Elétrico (Filipe Moreno)