Por Dra. Cintia Fadini Knap*
Há pessoas que escutam, mas não entendem o que outros falam. Tem gente que não consegue ouvir televisão nem quando alguém liga pelo telefone. Há também quem reclame de zumbido nos ouvidos. Por conta desses problemas de audição, muitos se isolam e até deixam de participar de reuniões sociais e festas. Esses são exemplos de pessoas que precisam utilizar aparelhos auditivos. Mas esse assunto ainda causa constrangimento.
Ter de usar um aparelho auditivo não é motivo para se envergonhar. Pelo contrário, é uma forma de melhorar a qualidade de vida, ser mais ativo socialmente, comunicar-se melhor e não correr riscos por não ouvir quando estiver pelas ruas. Antigamente, o transtorno era grande. Quem tinha problemas auditivos precisava, por exemplo, usar enormes aparelhos. Depois, vieram os tubos que eram mais finos. Mas, hoje, temos equipamentos imperceptíveis que trazem gigantescos benefícios. Muitas vezes, as pessoas em volta nem conseguem notar o aparelho.
Na virada do século XXI, a tecnologia computadorizada tornou os aparelhos auditivos menores, ainda mais precisos e com ajustes para se acomodar virtualmente a todo tipo de ambiente. Os equipamentos de última geração podem continuamente se ajustar para melhorar a qualidade de som e reduzir o ruído de fundo. Além disso, há aplicativos com conectividade com o som direto no aparelho auditivo.
Diferente do que alguns acreditam, o uso de aparelho não causa efeito colateral. Pelo contrário, há tratamento de zumbido que é realizado por meio desses equipamentos. Em muitos casos, isso é causado pela perda auditiva. Por conta disso, o cérebro compensa com o zumbido o som que falta. Dentro dos aparelhos auditivos é possível ajustar e corrigir a audição para oferecer sons com o intuito de minimizar esse problema.
Existem três tipos básicos de aparelhos auditivos: com receptor no canal (RIC: Receiver-in-canal); utilizados atrás da orelha (BTE: Behind-the-ear); e aqueles utilizados na parte interna da orelha (ITE: In-the-ear). O modelo correto vai depender da deficiência auditiva e também da anatomia da orelha, além das preferências pessoais considerando a tecnologia e até o design. Hoje, há muitos modelos no mercado. Com a ajuda do fonoaudiólogo, é possível escolher o modelo que mais agrada para a dificuldade.
Existem dois tipos principais de perda auditiva: a neurossensorial e a de condução. A primeira acomete o nosso sistema auditivo interno e pode ser desencadeada por exposição ao ruído, envelhecimento, alguns remédios ototóxicos, como alguns antibióticos de atividade bactericida, doenças entre outras etiologias. Já a de condução pode acontecer por conta do acúmulo de cera, rigidez no sistema, inflamações e infecções e outras doenças. Também há casos que a pessoa apresenta os dois tipos de perda auditiva, condutiva e neurossensorial.
O exame de perda auditiva deve ser sempre levado a sério. É realizado por meio da avaliação clínica, anamnese (entrevista inicial), inspeção clínica da orelha, audiometria, imitanciometria (avaliação das condições da orelha média e da tuba auditiva) e alguns exames objetivos da audição. É fundamental a atuação conjunta entre o médico otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo. Dessa forma, a pessoa pode retomar suas rotinas normais com melhor qualidade de vida.
*Dra. Cintia Fadini Knap é fonoaudióloga pela Universidade Estadual Paulista (UNESP); mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana (UNESP); pós-graduação em Processamento Auditivo Central pelo (CEFAC-SP) e atua na revenda de Aparelhos Auditivos Rexton.