Mais uma vez o presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi alvo de estranhamento após dizer na última terça-feira (2) não ter “dúvida” de que o nazismo era um regime de esquerda. Bolsonaro deu a declaração em Israel, após ser questionado se concorda com a opinião do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de que o nazismo era de esquerda.
“O senhor concorda com o seu chanceler de que o nazismo foi um movimento de esquerda?”, indagou um jornalista a Bolsonaro. “Não há dúvida, não é? Partido Socialista, como é que é? Da Alemanha. Partido Nacional Socialista da Alemanha”, confirmou.
Conforme o comentarista Guga Chacra, da GloboNews, o partido citado por Bolsonaro tinha o objetivo de expandir a presença dos arianos, não a esquerda. O comentarista acrescentou ainda que Bolsonaro é filiado ao Partido Social Liberal (PSL). Mais cedo, nesta terça, Bolsonaro visitou o Centro Mundial de Memória do Holocausto, em Jerusalém. O museu afirma que o nazismo era de direita.
O nazismo consistiu em um movimento nacionalista durante o regime de Adolf Hitler que pregava a superioridade dos arianos e perseguia judeus. O nazismo, reforçam historiadores, se dizia justamente contrário à esquerda, ao comunismo e ao socialismo.
‘Fraude intelectual’
A fala de Ernesto Araújo, com a qual Bolsonaro disse concordar, foi criticada por historiadores ouvidos pelo Jornal Nacional. Para Antonio Barbosa, historiador da Universidade de Brasília (UnB), falar que o nazismo é um fenômeno de esquerda é uma “fraude”.
“Uma fraude intelectual e uma releitura completamente equivocada da própria história. É como se fosse negar o fato histórico que aconteceu na Alemanha nos anos 1930, nos anos 1940. Esse é o primeiro ponto. O segundo é que o nazismo se justifica como a oposição mais vigorosa ao socialismo, à esquerda, ao comunismo. […] No caso da política externa, isso é extremamente perigoso porque mostra ao mundo uma visão sectária, radicalmente sectária no Brasil, o que não é bom para o país”, afirmou.
Para Ruth Bem-Ghiat, historiadora especializada em fascismo e autoritarismo pela universidade NYU, de Nova York (EUA), o ministro tem que reler os livros de história. Ruth reforça ainda que dizer que o nazismo e o fascismo são de esquerda é um “absurdo”.
‘Besteira completa’
Em entrevista ao jornal “O Globo” em setembro do ano passado, o próprio embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, afirmou ser uma “besteira completa” dizer que o fascismo e o nazismo são movimentos da esquerda. Jornal da Chapada com informações de G1.