Para evitar que algumas espécies de anfíbios e répteis desapareçam para sempre, pesquisadores de todo o Nordeste estarão reunidos em Salvador, até esta sexta-feira (20), na Oficina de Elaboração de Indicadores e Metas do Plano de Ação Nacional para Conservação da Herpetofauna Ameaçada do Nordeste (PAN Herpetofauna do Nordeste). Promovido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Plano de Ação atualmente contempla 107 espécies ameaçadas de extinção (23 anfíbios e 84 répteis), todas nordestinas.
Na sexta, às 8h30, será realizada a palestra “Manejo de Espécies Exóticas Invasoras no Parque Estadual na Serra do Conduru e na Estação Ecológica do Rio Preto/BA”, com a doutora Sílvia Ziller, do Instituto Hórus. Com entrada gratuita e aberta ao público, a programação será realizada no auditório térreo do Bloco A, da Universidade Católica do Salvador (UCSal), no campus Pituaçu.
A analista ambiental do ICMBio e coordenadora do PAN do Nordeste, Sônia Santesso, conta que o encontro é essencial para definir metas e acompanhar resultados, além de divulgar estas informações para a sociedade e estimular o debate nos vários setores. “Vamos reunir em Salvador pesquisadores, especialistas e representantes dos órgãos ambientais dos nove estados nordestinos. Esse é um momento único para estabelecermos indicadores e metas para o segundo ciclo de vigência do plano, os meios de verificação e a periodicidade em que estes devem ser checados, além de mapearmos a realidade de toda a região”, explica.
De acordo com o pesquisador Moacir Tinôco, PhD em Biologia da Conservação e coordenador-executivo do PAN Herpetofauna do Nordeste, o envolvimento da comunidade cientifica e da sociedade só traz benefícios para as espécies de répteis e anfíbios ameaçadas. “Precisamos disseminar o conhecimento sobre as espécies-alvo do PAN e tentar minimizar o efeito das ações antrópicas sobre as espécies ameaçadas. Ações que integrem pesquisa, manejo e monitoramento e educação ambiental são primordiais para promover a preservação”, esclarece Tinôco, que também é coordenador do Mestrado Profissional em Planejamento Ambiental da UCSal,
Espécies ameaçadas
O PAN Herpetofauna do Nordeste contempla 107 espécies, entre elas 46 ameaçadas nacionalmente que são consideradas espécies-alvo, 58 animais beneficiados por estarem nas listas de espécies ameaçadas dos estados da Bahia e Pernambuco e três quase ameaçadas na lista nacional. Entre as espécies-alvo que figuram na lista do PAN, está o Calango do Abaeté (Glaucomastix abaetensis).
Descoberto na Lagoa do Abaeté, em Salvador, o abaetensis é genuinamente baiano e só foi descrito pela ciência em 2002. Atualmente é classificada como “Em Perigo” tanto na avaliação nacional do ICMBio quanto na lista da Bahia. Pesquisadores alertam que, caso medidas urgentes não sejam adotadas, esta e outras espécies correm o risco de desaparecer. “Sem medidas eficientes para mitigar esse cenário, a tendência é que haja uma aceleração no processo de extinção, inclusive do Calango do Abaeté”, lamenta Tinôco.
Sobre o PAN
O Plano de Ação Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PAN) é um instrumento de gestão e de políticas públicas coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN), vinculado ao ICMBio, do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Construído de forma participativa, é utilizado para o ordenamento e a priorização de ações para a conservação de espécies e ambientes naturais. O método contempla a participação multilateral e envolve diversos segmentos da sociedade para potencializar os esforços e racionalizar a captação e gestão dos recursos para conservação de espécies ou ambientes-foco dos PANs. As informações são de assessoria.