Na última quinta feira (2), o The Guardian, um dos principais jornais do mundo, fez uma reportagem especial que se debruça nos personagens considerados mais inapropriados para os cargos que ocupam. “Diga o que quiser sobre Bolsonaro, mas é preciso reconhecer seu raro talento em escolher as pessoas mais desqualificadas, lunáticas e/ou perigosas para os empregos”, comentou um dos entrevistados, o jornalista Mauro Ventura.
A matéria é assinada pelos jornalistas Tom Phillips e Dom Phillips, e se foca principalmente em quatro nomeados por Bolsonaro: Filipe Martins (consultor de política externa), Roberto Alvim, (secretário especial de cultura), Sérgio Camargo (Fundação Palmares) e Dante Mantovani (Funarte). O primeiro a ser analisado é Filipe Martins, um dos principais assessores de Bolsonaro para política externa e descrito pela matéria como um “discípulo do escritor e teórico da conspiração Olavo de Carvalho, assim como os filhos do presidente, que são seus amigos pessoais”.
A matéria conta que Martins “se diverte nas redes sociais atacando esquerdistas, feministas e globalistas, e também é fã de Steve Bannon, razão pela qual ganhou o apelido de ‘Sorocabannon’, graças às suas origens na cidade brasileira de Sorocaba”. Também lembra que o consultor acusou meios estadunidenses como o canal de notícia CNN e o diário The New York Times de cumplicidade com uma campanha de engenharia social para promover a pedofilia.
No caso de Roberto Alvim, um dos principais responsáveis pela política cultural do governo de Bolsonaro, o The Guardian afirma que “apesar de já ter recebido um prêmio por uma produção de ‘O Quarto’, antes de ser nomeado secretário de cultura, ele era mais conhecido por insultar a grande dama do teatro brasileiro, a atriz indicada ao Oscar Fernanda Montenegro, como ‘esquerdista sórdida’”.
Também fala sobre como a conversão de Alvim à religião evangélica o transformou em um bolsonarista incondicional. “Em postagens recentes no Facebook, ele critica os oponentes de seu líder, chamando-os de ‘baratas ordinárias’, ataca o ‘bastardos do Greenpeace’ e acusa o mundo artístico `podre e demoníaco´ do Brasil por ‘repudiar Bolsonaro injustamente’”.
No caso de Sérgio Camargo, nomeado para a administração da Fundação Palmares, a reportagem lembra que seu cargo tem como missão promover a cultura negra no Brasil, para mostrar que tal tarefa é incompatível com “uma figura que afirma que o Dia da Consciência Negra deve ser descartado, e considera que muitas das celebridades e artistas negras mais conhecidas do país são ‘parasitas da raça negra’”.
Também mostra como, em suas redes sociais, Camargo se descreve como um “negro de direita” que se opõe à “vitimização e ao politicamente correto”, e considera que “a escravidão era terrível, mas terminou sendo benéfica para os descendentes”.
Finalmente, no caso de Dante Mantovani, nomeado para presidir a Funarte (Fundação Nacional das Artes), a reportagem conta que “o novo encarregado das políticas de artes visuais, música e dança alega que a União Soviética se infiltrou na CIA para distribuir LSD em Woodstock”, e lembra de suas declarações dizendo que “o rock promove as drogas que ativam o sexo, e assim alimenta a indústria do aborto”, e que “John Lennon havia dito que fez um pacto com o diabo”.
A reportagem traz outra declaração do jornalista Mauro Ventura, questionando o grupo de nomeados: “eles parecem ter sido escolhidos pelo seu QI: isto é, seu quociente de imbecilidade, incapacidade, idiotice, incompetência ou impiedade”. Por sua parte, a especialista brasileira Monica de Bolle disse que a indicação desses nomes reflete a natureza “totalmente louca” do governo “fundamentalista” de Bolsonaro. “Eles não estão procurando pessoas que tenham conhecimento, mas pessoas que são leais”, comentou a analista internacional. Com informações da Revista Fórum.