A primeira campanha do governo federal para promover a abstinência sexual entre adolescentes, considerada inócua por especialistas, deve chegar às ruas no dia 3 de fevereiro a um custo aproximado de R$1,5 milhão em recursos públicos. Ainda em fase de estruturação, no entanto, a produção e a veiculação de peças publicitárias circulará, intensamente, nos meios de comunicação, informou uma fonte do governo à reportagem do Correio do Brasil, e serão tocadas em regime de urgência, diante dos prazos apertados.
A estratégia de marketing para divulgar o que o governo chama de “iniciação sexual não precoce” é desenhada no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em conjunto com o Ministério da Saúde, e terá foco inicial nas redes sociais. Destinada a um público entre 10 e 18 anos, “o estudo de mídia, em curso, não descarta o uso da TV e da mídia impressa”, acrescentou a fonte.
A ministra Damares Alves, em discursos sobre o tema, tem dito que o objetivo da pasta será o de mostrar aos jovens os benefícios de adiar o início da vida sexual. De acordo com o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maurício José Silva Cunha, a argumentação não é pautada em elementos religiosos e sim em estudos científicos, embora não tenha divulgado as fontes bibliográficas do estudo citado.
Suicídio
Para o experiente psiquiatra Jairo Bouer, ouvido por jornalistas nesta quinta-feira, a iniciativa será “inócua e irresponsável”. “Ninguém consegue impor abstinência ao outro. As pessoas decidem iniciar a vida sexual quando têm desejo e quando estão preparadas” afirmou, a jornalistas
Damares e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, são parceiras em iniciativas de alcance duvidoso. Antes da campanha contra o sexo na adolescência, este ministério lançou uma campanha de combate ao suicídio e automutilação de pessoas com deficiência, estrelada pela mulher do presidente. Em vídeos de 1’10”, a primeira-dama disse ser “um obstáculo vencido a cada dia” o combate a esses casos.
“Assim como na população brasileira em geral, as pessoas com deficiência também estão suscetíveis a pensamentos ruins que podem levar alguém a pensar em tirar a própria vida ou ferir o próprio corpo”, disse, sem apresentar dados estatísticos ou, posteriormente, os resultados da campanha publicitária encerrada no fim do ano passado. As informações são do Correio do Brasil.