Depois de quatro horas de debates, a sessão da comissão especial em que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, era ouvido sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da prisão após a segunda instância foi encerrada em meio a uma troca de ofensas entre deputados. Os parlamentares Glauber Braga (PSOL-RJ) e Delegado Éder Mauro (PSD-PA) se xingaram e precisaram ser contidos por seguranças e deputados. O tumulto começou quando Braga acusou Moro de proteger a família Bolsonaro nas investigações sobre a suposta prática de “rachadinha” pelo senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) quando era deputado estadual no Rio.
O deputado chamou o ministro de “capanga da milícia” e o acusou de interferir no trabalho da Polícia Federal. Investigação da PF concluiu, segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, que não há indícios de que Flávio tenha cometido lavagem de dinheiro e falsidade ideológica em negociações de imóveis. Ainda segundo o jornal, a PF deve entregar à Justiça nos próximos dias o relatório com a conclusão do inquérito. Braga chegou a ser repreendido pelo presidente da comissão, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), mas voltou a usar o termo. O deputado disse ainda que Moro “blinda corruptos” em sua atuação no ministério.
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“Eu sei que a minha fala faz com que alguns representantes do governo Bolsonaro ficam inquietos. Sabem por que os senhores fiquem inquietos? Porque querem que a milícia no Brasil não seja devidamente apontada como crime organizado, porque faz parte da estruturação do projeto de poder dos senhores. Eu não tenho outra coisa a dizer a não ser chamar o ministro da Justiça que blinda a família Bolsonaro em relação a esses temas de capanga da milícia. É isso que ele é”, disse Braga.
Em seguida, Moro reagiu e disse que o deputado não tinha a qualificação necessária para o cargo: O senhor não tem fato, não tem argumentos, só ofensas. O senhor é desqualificado para o exercício desse cargo – disse Moro, também sendo repreendido pelo presidente do colegiado. Moro retomou a palavra e afirmou que não interferia no trabalho da Polícia Federal. Braga rebateu, fora do microfone, e chamou o ministro de “mentiroso”. Em paralelo, o deputado Delegado Éder Mauro começou a afirmar que a mãe de Braga era “bandida”.
Glauber ofende Moro
O parlamentar fazia referência à ex-prefeita de Nova Friburgo (RJ) Maria da Saudade Medeiros Braga. Ela chegou a ser condenada, em primeira instância, por desvio de dinheiro, mas foi absolvida em segundo grau. O processo foi arquivado. Braga rebateu chamando Mauro de “miliciano”. Em dado momento, Mauro levantou e começou a desferir as ofensas próximo a Braga, que permanecia sentado. Neste momento, a sessão foi encerrada. Depois que Moro deixou a sala, os parlamentares continuaram trocando ofensas. Eu quero que tu seja o valentão que tu diz que é lá fora – disse Mauro. “Está me ameaçando, miliciano?” retrucou Braga. As informações são do jornal O Globo.
Em 2017 os dois deputados já tinham se estranhado