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Chapada: Prefeitos da região seguem linha de Rui Costa, defendem idosos e criticam retórica de Bolsonaro

Os políticos não gostaram de Bolsonaro se preocupar mais com a economia que com as vidas das pessoas | FOTO: Montagem do JC/Divulgação |

O pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), na última terça (24), pedindo o fim da quarentena e reabertura de escolas e comércios, causou a indignação em alguns prefeitos da região da Chapada Diamantina. Na mesma linha que o governador Rui Costa (PT), os gestores defenderam os idosos, linhas de ações econômicas para a pandemia não declinar, ainda mais, a economia do país. Eles também criticaram a retórica utilizada pelo governo federal e a indiferença com a população. Sobre o assunto, se pronunciaram os chefes do Executivo de Itaberaba, Ricardo Mascarenhas (PP), de Itaetê, Valdes Brito (PT), de Utinga, Joyuson Vieira, e de Nova Redenção, Guilma Soares (PT).

Antes, em suas redes sociais, o governador deu a deixa para que os gestores reforçassem a urgência em tratar do povo e salvar o maior número de vidas diante da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. “Reafirmo o compromisso com o povo do meu Estado de não baixar a guarda; de continuar lutando firmemente com todas as minhas forças contra o coronavírus. Vou cuidar sim da vida das pessoas. É momento da Bahia unida independentemente das suas preferências políticas, das suas crenças, dos credos. Estamos vivendo uma grave crise. Estamos lutando para superá-la. Aqui, registro a minha solidariedade a todos os Estados do Nordeste. A todo o Brasil. É uma guerra. Que Deus nos dê equilíbrio e força. Vamos vencer. Todos contra o coronavírus”.

Alinhado com as medidas de contenção da pandemia do coronavírus, que já matou mais de 20 mil pessoas no mundo inteiro e ameaça o Brasil com 2.370 mil infectados e a Bahia com 91 casos, o prefeito de Itaberaba Ricardo Mascarenhas pediu calma e descreveu a importância da quarentena agora no início das descobertas da doença. “O momento é de criar políticas públicas que protejam a população contra o novo coronavírus. E, como profissional de saúde, vejo o pronunciamento do presidente Bolsonaro como um ‘balde de água fria’ em nossos esforços, em nosso exército da saúde. Não é admissível um Chefe de Estado se portar assim quando estar em jogo a vida das pessoas”.

Reunião online com governadores e parlamentares

O gestor de Itaberaba tem implantado medidas de contenção para minimizar a chegada da pandemia no município. Cinco casos suspeitos da doença infectocontagiosa aguardam resultado e outros 15 pacientes estão em observação. Outros prefeitos da Chapada Diamantina também falaram sobre o assunto. “Não me surpreende as insanidades de um psicopata já por demais conhecido do mundo político, de comportamento previsível pela sociedade, mormente da comunidade médica e científica que, em sua quase totalidade, ajudaram a elegê-lo, acreditem, presidente da República. Isso, sim, à época me surpreendeu e me deixou perplexo e estarrecido”, frisa Joyuson Vieira, prefeito de Utinga.

Vieira administra o município de porte médio e está na linha de frente junto com todos os profissionais de saúde promovendo medidas preventivas para conter a chegada da pandemia. Já a prefeita de Nova Redenção, Guilma Soares, se encontra assoberbada com as medidas de contenção em seu município, iniciando a campanha da vacinação do idoso, grupo de risco da pandemia. Ela falou ao Jornal da Chapada por telefone.

“Ouvi de forma estarrecedora o pronunciamento do presidente da República, ante a grave crise sanitária pela qual passa o mundo. Acredito que o presidente perdeu toda a razão, acho que é caso de interdição, realmente não tem mais condições de permanecer na presidência, a não ser que essa loucura é calculada para dá um Golpe Militar, pois ele nunca escondeu que o Golpe Militar de 1964, foi uma das melhores coisas que o país teve. O estranho é a desmoralização que ele submeteu o ministro da Saúde [Luiz Henrique Mandetta]. Fico até com medo de Mandetta, que se tiver pudor, entrega o cargo. Pensamos o contrário do presidente, por isso conclamo ao nosso povo que fiquem em casa”.

Veja o pronunciamento do presidente

Guilma informa ainda que vai manter a suspensão das aulas e todas as medidas tomadas por meio de decretos municipais, baseados nos protocolos do Ministério da Saúde. “Essa pandemia não é uma ‘gripezinha’, como disse Bolsonaro, é algo muito sério e que afeta o mundo inteiro”, completa a gestora. O prefeito do município de Itaetê, Valdes Brito, também criticou a postura do presidente. “Estamos tomando todas as medidas necessárias para minimizar os impactos do coronavírus, e, ao contrário do presidente, estamos pedindo que as pessoas fiquem em casa. Acho que Bolsonaro foi infeliz em seu pronunciamento”, disse.

Muitos políticos se pronunciaram, alguns até deixaram a base de apoio, e outros engrossaram o coro contra o presidente, como o vice-prefeito de Boa Vista do Tupim, Léo Satélite (PSD), deu sua opinião. Léo é empresário e político, e se diz preocupado com a gravidade da situação, por um lado ele concorda com a comunidade cientifica, com os governadores e prefeitos que fazem a contenção da pandemia com o isolamento social, mas, por outo lado, pensa como empresário.

“Como vai ficar a economia do país, dos estados e municípios, como Boa Vista do Tupim, com os comércios fechados? No meu entender, o presidente Bolsonaro deveria anunciar em regime de urgência, as medidas humanitárias e financeiras para ajudar o empregador, o empregado, o trabalhador informal, enfim, o empreendedor que, de uma hora para outra, viu sua vida financeira se desestabilizar. Ontem [terça, 24] estive reunido com o prefeito Helder Lopes Campos [PSDB], e outros segmentos da sociedade para discutir justamente os efeitos das medidas tomadas por meio do decreto municipal”.

Jornal da Chapada

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