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#Chapada: Vale do Capão sofre surto epidêmico de casos suspeitos de dengue; médica da USF alerta situação

O Vale do Capão, em Palmeiras, é um dos locais mais procurados | FOTO: Diego Araújo/Facebook |

Além dos riscos de contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19), após a derrubada da barreira sanitária – que proibia a entrada de trabalhadores da construção civil e de serviços não essenciais, o Vale do Capão vive uma recente crise de saúde em relação aos casos suspeitos de dengue. O Jornal da Chapada manteve contato, nesta-terça (28), com a médica de família e homeopata, Ísis Michel, que atua na Unidade de Saúde da Família (USF) de Caeté-Açu, distrito de Palmeiras, na Chapada Diamantina. A médica conta sobre os riscos causados pelo vírus da dengue e as consequências que a população da vila pode enfrentar como a vulnerabilidade para outras doenças bacterianas ou virais.

“O Vale do Capão está vivenciando um surto epidêmico de casos suspeitos de dengue, o que quer dizer muitas pessoas com sintomas de dengue ao mesmo tempo em um local onde isso nunca aconteceu. A dengue é uma doença universal [atinge todo mundo] e de alta mortalidade. Produz a maioria dos casos leucopenia e linfopenia [são os glóbulos brancos do sangue, que fazem parte do sistema de defesa imunológica do nosso corpo], o que quer dizer que aumenta a chance de quem tem ou teve dengue pegar doenças bacterianas [como pneumonia, meningite] ou virais [como gripe, resfriado e coronavírus] e pode levar até 20 dias para uma recuperação completa”, aponta com preocupação Ísis Michel.

Médica alerta sobre os sintomas que têm surgido com frequência na USF e as similaridades com outros vírus | FOTO: Reprodução/Carpe Mundi |

Alerta sobre os sintomas que têm surgido com frequência na USF e as similaridades com outros vírus. “Febre alta de até sete dias de duração, dores pelo corpo, dor de cabeça, sensação de dor atrás dos olhos, dores nas articulações [nas juntas], além de dor de barriga e vômitos em crianças. E ainda por cima, tem sintomas muito parecidos com zika vírus, que pode gerar problemas de saúde no feto em gestantes”, salienta a médica. Ela ainda relata que todas essas doenças têm em comum o surgimento de febre alta e associados a outros sintomas posteriormente. “Por isso, quando alguém chega para ser examinado com febre no primeiro ou segundo dia, ainda não apareceram os outros sintomas e ainda não dá para saber se será dengue, gripe, resfriado ou até mesmo caso suspeito de coronavírus. Todos esses casos precisam de acompanhamento, orientações e avaliação a cada dois ou três dias”.

Outra preocupação da médica é o caso de dengue coincidir com o pico de outras doenças, até mesmo a Covid-19 e a necessidade de testes rápidos para que as ações sejam realizadas dentro do quadro diagnosticado. “Para os próximos 40 dias está previsto o pico epidêmico da dengue [maior número de casos em pouco tempo] que irá coincidir com o pico de outras doenças como gripe, resfriado e do novo coronavírus”, salienta Ísis. A atenção tem sido voltada para o relaxamento da quarentena – que ocorreu logo após a derrubada da barreira sanitária ocasionando a entrada e saída de pessoas de fora, além de recém chegados que não estão respeitando o isolamento de 14 dias.

Outra preocupação da médica é o caso de dengue coincidir com o pico de outras doenças, até mesmo a Covid-19 | FOTO: Reprodução/G1 |

Medidas de proteção
“Precisamos com urgência de medidas de saúde pública que possam nos proteger”, aponta Ísis. Conforme informações, a USF de Caeté-Açu, em parceria com o Conselho Covid Capão, formado por mais de 10 entidades representativas do Vale do Capão (veja aqui), está mapeando os focos de dengue, avaliando pelo telefone os casos leves e pessoalmente os graves, notificando os casos para Sesab e orientando a comunidade a limpar os quintais e utilizar mosquiteiros e repelentes. Segundo Ísis, a Secretaria de Saúde de Palmeiras contribuiu com o carro de som para informar a população, a ambulância para transferir os casos graves, os equipamentos de proteção individual [EPI’s] para os profissionais de saúde e vieram pessoalmente ao Vale do Capão para verificar a situação.

“Estamos buscando proteger a população, porém precisamos de auxílio da prefeitura para o controle do isolamento e circulação de pessoas, além da testagem rápida dos pacientes com febre para dengue e zika vírus aqui mesmo no Vale. O estado de saúde das pessoas nesse momento é muito delicado e a previsão da coincidência dos picos das doenças para os próximos 40 dias é alarmante”, descreve Ísis. Em contato com o prefeito Ricardo Guimarães (PSD), na última segunda-feira (27), ele informou ao Jornal da Chapada que uma reunião será realizada nesta quarta-feira (29) para tratar sobre a demanda da vila.

Jornal da Chapada

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