“Sou guia há mais de 18 anos, faço trekking [caminhada de trilhas] do Vale do Pati, um dos mais famosos do Brasil. Somos 2.500 habitantes nessa região que vive em torno do turismo, e no momento todo mundo está se ajudando e vivendo de doações”. Esta é a fala do guia de turismo Vagner Santos, que atua na Chapada Diamantina, ao portal G1. Ele sintetiza o momento que os profissionais estão enfrentando devido ao fechamento do parque nacional e a crise sanitária do novo coronavírus.
Vagner Santos conta que está há mais 80 dias sem renda. O Parque Nacional da Chapada Diamantina atrai os visitantes e teve de ser fechado por conta da pandemia (veja aqui). A alta temporada na região acontece neste mês e em julho. Eventos tradicionais da região tiveram de ser cancelados. O guia tem dois filhos e até o momento não teve liberado o auxílio emergencial de R$600 do governo federal.
Para Vagner, os passeios na Chapada Diamantina só retornarão em fevereiro do ano que vem. Segundo a prefeitura de Mucugê, uma das cidades referência da Chapada, em 2019 foi recebida 120 mil turistas. Para 2020, a projeção inicial era de crescimento expressivo: a estimativa era de um total de 160 mil visitantes no ano. As medidas de isolamento impactaram diretamente no turismo por ser um serviço não essencial. O prejuízo acumulado até abril é de R$62 bilhões, segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), conforme informações do portal G1.
Para Alexandre Sampaio, diretor da CNC e presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação o “momento atual do turismo brasileiro é dramático. Se detalhar por setores, pode-se dizer que a hotelaria está majoritariamente fechada em todo o Brasil. Os que estão funcionando têm o nível de ocupação muito baixo”, afirma. A taxa de ocupação nos hotéis está entre 3% a 5% e os voos das aéreas tiveram uma queda entre 90% e 95%. Há a previsão de 300 mil desempregados no setor.
Conforme o portal G1, outro fator que deverá interferir na retomada do setor é a imagem comprometida do Brasil em centros como Europa e EUA. O país tem recebido muitas críticas em relação a medidas de saúde pelo governo federal durante a pandemia de covid-19. Pesquisadores do setor turístico apontam para o perfil dos turistas, profissão e nível de renda, os quais costumam ser bem informados sobre os destinos que desejam. Salientam que agências de viagem que negociam as idas do brasileiro ao exterior também serão prejudicadas.
“A retomada do turismo como um todo depende muito de uma vacina ou um medicamento contra a covid-19, dependendo dessas questões de saúde e segurança o turismo pode ter uma retomada mais rápida, mas isso vai depender das curvas de contaminação, os casos de mortes e propagação da doença. A retomada de feiras, navios e o turismo aéreo massivo somente será possível no segundo semestre de 2021”, diz Alexandre Sampaio, da CNC.
Jornal da Chapada